Pois é, estamos na época dos saldos. Não sei quando começou - desculpem lá a ignorância -, mas sei que acaba a 28 de Fevereiro (ou, como me esclareceu uma lojista ontem, "até 31 de Fevereiro"). Isto quer dizer que as muito cobiçadas coisinhas que comprámos com o subsídio de Natal, o mês passado, estão a metade do preço agora...
Ora bem, posso dizer que já aproveitei a coisa e comprei uns trapinhos altamente necessários: uma catrefada de saias, uma porrada de meias, um pilhão de camisolas. Mas ainda comprava mais coisas, confesso (porque preciso muito e não porque sou uma consumista desgraçada, pois claro... ehem).
Mas, dentro da onda de aquisição de serviços a preços mais módicos, lembrei-me que, se calhar, esta tendência também se verifica nos artigos, digamos, menos disponíveis ao público geral... Por exemplo, na prostituição. Imagine-se, então, o seguinte diálogo entre o cliente e a prestadora de serviços de natureza sexual:
-Bom dia, menina.
-Bom dia, cavalheiro. Já tomou o pequeno-almoço?
-Já sim, vinha tomar agora o digestivo...
-Com certeza. Tem alguma preferência em mente?
-Quanto cobra por gratificação oral?
-Ora bem, como estará com certeza informado, estamos em época de saldos, pelo que esse serviço se encontra, neste momento, a 35€. E temos uma promoção: se ficar oralmente gratificado em menos de dois minutos, oferecemos a segunda dose com 30% de desconto...
-Mas que maravilha! Até que enfim, um serviço com uma espécie de reembolso em caso de satisfação plena precoce! Vou recomendá-la a todos os meus amigos.
-Recomende-me também às amigas e aos casais, que eu sou multifacetada...
(Naturalmente, esta conversa decorreu numa casa de luxo, em que tanto o cliente como a prestadora de serviços têm um doutoramento e são verbalmente eloquentes, senão tinha que baixar o nível da coisa e era chato... afinal, isto ainda é um blog de família... *tosse*)
E no mundo dos estupefacientes? A relação consumidor/vendedor (sem curso superior mas com uma apetência elevada para a leitura e, como tal, para a verborreia sofisticada) também poderá decorrer de forma simpática e cordial:
-Ora bons olhos o vejam, freguês. Vejo que está com ar de quem necessita de uma recarga energética, vejo aí umas olheirazinhas e uns
delirium tremens um pouco aborrecidos. Em que posso servi-lo?
-Gostava de me abastecer com aquele seu maravilhoso pó esbranquiçado, douto vendedor. Penso que um grama chegaria, por ora.
-Ah, mas claro, claro! Olhe, dado que estamos em saldos, estamos a fazer um "compre-dois-pague-um". Dois saquinhos pelo preço de um, portanto. Vai poder ficar um par de horas mais sem arrumar carros.
-Ah, que maravilha! Vou recomendá-lo a todos os meus amigos.
-Não se esqueça de falar nisto também às donas de casa, que precisam de descontrair quando têm filhos difíceis, coitadinhas.
-Certamente, vou pôr panfletos nas janelas de todos os Audis que ajudar a estacionar!
-So por causa dessa sua gentileza, leva um saquinho de erva com 50% de desconto...
Devíamos poder generalizar isto para todo o tipo de serviços. A malta devia poder casar por metade do preço, divorciar-se com 80% de desconto (para incentivar a malta que quer mudar de vida), ver um espectáculo de
strip de graça...
Mas só até 31 de Fevereiro, evidentemente... ehem.
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