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segunda-feira, 26 de maio de 2008

O mundo é redondo


Há um mês e pouco, mudei de casa. De novo. Sinceramente, acho muito injusto que não se atribuam certificados académicos com cada mudança, porque acho que já tinha direito a um doutoramento.

Senão, vejamos o número de vezes que já mudei de casa, e os seus locais:

1º - Faro - Macau
2º - Macau - Faro (Casa 1)
3º - Casa 1 - Casa 2 (Faro)
4º - Casa 2 - Braga (Casa 1)
5º - Casa 1 - Casa 2 (Braga)
6º - Casa 2 - Casa 3 (Braga)
7º - Casa 3 - Casa 4 (Braga)
8º - Casa 4 - Casa 5 (Braga)
9º - Braga - Faro
10º - Faro - Lisboa (Casa 1)
11º - Casa 1 - Casa 2 (Lisboa)
12º - Casa 2 - Casa 3 (Lisboa)

Ficaram confusos? Eu não, é por isso que merecia um doutoramento!

E, para terminar, ainda dizem que não há coincidências. Fui viver, agora, para uma rua perpendicular à rua em cuja casa fui feita... O mundo é redondo, pequenino, e eu peço aos gnomos da habitação o favor de me deixarem estar neste casa um bom tempo, porque ESTOU FARTA DE MUDANÇAS!!!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Carta a Deus


Querido Deus,

Como tens passado? Espero que benzinho.

Antes de mais, terás que me desculpar por assumir, assim sem mais nem ontem, que serás do sexo masculino, mas a avaliar pela forma como deixaste este planeta evoluir, só podes ter um cromossoma Y. Não me leves a mal.

Outra coisa que quero tirar já do caminho: vou-te tratar como se fosses o Deus dos cristãos, dado que me têm sempre dito que tu é que és o verdadeiro e os outros uma fantasia pateta qualquer. De novo, não me leves a mal, mas tendo em conta o estado das coisas, não considero isso grande elogio, mas tu lá saberás como isso te faz sentir.

Andas bem de saúde? Dizem-me que nós, reles animais humanos, fomos feitos à tua semelhança. Como não fizeste um trabalho lá muito bom, e já és velhote, fico a pensar que deves ter bicos de papagaio e artroses. É uma chatice, eu sei, mas ouvi dizer que há umas pomadinhas que te poderão aliviar (ou a indústria farmacêutica é obra daquele senhor que vive naquele lugar cheio de fumo e enxofre?)

Deves estar a perguntar-te porque te escrevo esta cartinha. Não é para te pedir dinheiro (se bem que, se te apetecer ser amiguinho, eu não levo a mal) nem é para pedir que o adversário marque menos golos, ou que os Mon Chéries se vendam no Verão também. Nada disso, eu venho apresentar, se não te importas, uma pequena reclamação.

O assunto que me está a incomodar relaciona-se com a morte. Não é que seja contra a morte, nada disso. Se abolisses a morte, tinhas que abolir o envelhecimento e aumentar o número de canais de reality television, e isso deprime-me deveras (quem é te deu a ideia, afinal de contas? Foi, desculpa a sinceridade, um bocado estúpida.)

Então, dizia eu, tenho problemas com a morte. Ou melhor, com assuntos relacionados com a mesma. Incomoda-me a parte dos resíduos biológicos. Ora pensa comigo: andamos nós, gente humana, uma vida inteira a tentar esconder o pum e o arroto, a borrifar os sovacos e a tomar banho que nem uns doidos para parecermos mais cheirosos, e vens tu e crias uma regra que estraga isso tudo depois de batermos as botas. Está mal, caramba.

Eu gostava que tu mudasses isso. Das duas, uma: ou o nosso corpo ficava para sempre igual ao momento imediatamente antes da morte (olha que era giro, e repara que até te deixo a possibilidade de aniquilares aqueles de quem gostas menos em alturas mais embaraçosas...) ou então devia-lhe acontecer qualquer coisa que eliminasse essa coisa dos gases, da putrefacção e do rigor mortis. Sei lá, assim de repente, podias fazer os corpos desaparecer, que tal? Assim, puf, foi-se, e acabou, não há cá cheiros ou as chatices de termos que os guardar num local fresquinho e depois metê-los debaixo da terra. O que achas?

Acho que te estou a dar uma ideia bem gira. Podias também aplicar isso aos restantes animais, que assim acabava essa mania que os humanos têm de matar as coisas que se mexem para as meter na boca. É o meu lado de terrorismo ecológico que está a falar, se calhar. Não me leves a mal, afinal de contas, se penso assim, dizem-me que é porque me fizeste assim (não te arrependes da tua obra? Já viste as chatices que te dou?)

Além de fazeres as coisas mortas desaparecerem, também acho que devias criar uma lei universal que defina que todos os entes queridos devam receber um sms a avisar que o seu humano se finou e fez puf. Isso implica, é claro, que dês um telemóvel a toda a gente, e que nos faças nascer com um pré-programa de conhecimento de novas tecnologias. Acho que seria um bocado chato uns saberem das más notícias e os outros ficarem na ignorância (e esses seriam os menos favorecidos, e todos sabemos que os teus favoritos são os meninos e meninas bem.)

Ah, e não achas que os restantes animais também deviam ter acesso a tecnologias especiais? Imagina o mundo colorido que teríamos se os coelhos soubessem manejar uma AK-47 e um touro soubesse que botão da central nuclear é que faz a desgraça. Não era giro?

Já agora, Deus, se não for pedir muito, já que nos deste a inteligência de sabermos inventar a poluição, não queres também levá-la com orgulho para o teu condomínio fechado? É que acho um bocado egoísta da nossa parte ficarmos com toda a porcaria e pestilência só para nós, sem te darmos um bocadinho.

Olha, de resto, é como te disse de início, desejo-te saudinha e muitos amiguinhos, e que a vida te corra bem como nos corre a nós, em especial neste país que é o meu Portugal, coisa especial e próspera.


Muito carinho,



Eu, a tua amiguinha.

Espectáculo de Rua

Há um mês, passei pela A5 de manhãzinha. Para quem não sabe, passar pela A5 (auto-estrada para Cascais) em hora-de-ponta equivale a desejar que nos arranquem um dente sem anestesia - uma dor, uma chatice, um sonho de Verão cheio de Aquecimento Global.

Antes de entrar na auto-estrada propriamente dita, nós, condutores torturados, temos que passar por uma pontezinha. Essa pontezinha, como todas as que se prezem, possui um anémico passeio que a atravessa de uma ponta à outra. Outros extras incluem um gradeamento que inclina para a estrada na parte superior e grandes quantidades de monóxido de carbono, cortesia dos pouquinhos veículos que por lá passam diariamente.

Nessa manhã, eu ia com pressa. Tinha que estar num local às 9h30 e eram já 9h. Chego à ponte e deparo-me com um engarrafamento de fazer inveja a uma Nova Iorque ou Nova Deli. Cheios de originalidade, os condutores apitavam, talvez na esperança que um raio cósmico se abatesse sobre aquela zona e os fizesse levitar dali para fora. Não aconteceu.

Raios partam, pensei. Mais um acidente. As pessoas não sabem escavacar os carros em horas mais próprias, tipo... quando EU não estiver a passar? O mundo é tão injusto.

Lá seguimos todos, a farejar as traseiras de metal uns dos outros, cada condutor a passar o tempo da melhor forma - tirar coisinhas verdes do nariz, pentear o cabelo, cantar. Pessoalmente, gosto-o de passar a tentar nunca travar e rezar para que haja entidades divinas que gostem de mim e me salvem da desgraça (infelizmente, esta resolução nunca foi muito longe, sendo eu uma céptica... que pena.)

Como é normal, todos gostamos de especular acerca do que estará a fazer demorar o trânsito. Será um choque em cadeia? Um camião cheio de combustível? Uma trotinete? Quando cheguei ao local propriamente dito, vi a razão de ser daquela confusão toda e ia-me dando um treco: acidente? Nada disso. Carros partidos? Nem um.

Era um tipo que estava do lado de lá da cerca, descansado da vida, com ideias de se atirar dali para baixo!

Sinceramente, nada tenho contra o suicídio, da mesma forma que nada tenho contra quem emborca colesterol puro ao pequeno-almoço: cada qual faz o que entender com o seu belo corpinho, desde que não me chateiem. Contudo, naquela manhã em particular, eu estava chateada! Mas quem raio era o tipo para empatar o trânsito assim?! Ao menos que o fizesse atirando barras de ouro à malta!

Quem é que se decide atirar de uma ponte em hora-de-ponta? Um tipo com pretensões a actor, decidido a fazer a actuação final da sua vida? Um chato decidido a empatar a vida do próximo? Um gajo com falta de atenção?

Era ver o homem a fumar, descontraidamente, enquanto entregava o casaco ao bombeiro que estava do lado de cá da cerca. Devia ser valioso e não convinha que se machasse de sangue. Até parecia que ia de férias, o desgraçado. Apeteceu-me baixar o vidro e mandá-lo atirar-se dali às 5h da matina, e que nos deixasse, sobreviventes, em paz e sossego.

Alguém me diz porque é que o trânsito estava entupido por causa desta criatura? Que raio de gosto mórbido é o nosso, que gostamos de ver se há sangue, tripas, ou platina no asfalto? "Senhor polícia, não se importa de atirar esse bocado de crânio para aqui? É que nunca vi miolos de gente ao vivo..."

Cheguei atrasada. Tudo por causa de um tipo decidido a fazer espectáculo. Nem sei se ele teve a decência de actuar até ao fim, ou se mudou de ideias e foi para casa, descansado, fora da hora de maior trânsito, dar de comer aos filhos e rezar para que a coisa saísse no Jornal da Noite.

Haja paciência.

sábado, 3 de maio de 2008

Pensamento do Dia

Num casal homossexual, quando há discussões...

...quem é que vai dormir para o sofá?



Obrigada, Tiago, por teres imensas ideias patetas.