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domingo, 30 de outubro de 2005

I'm beautiful, it's true...

Estava eu, hoje de manhã (ou de tarde, se considerarmos a mudança da hora) a ver televisão ao pequeno-almoço (ou almoço, dependendo outra vez do raio da mudança de hora), um olho meio aberto e outro quase fechado, quando me deparei no VH1 (http://www.vh1.com) com um videoclip cujo conteúdo me projectou para o mundo dos mais acordados e me fez pensar tanto, tanto, que acho que me cresceu um neurónio novo.
Naturalmente, este meu devaneio serve para vos informar que desejo partilhar os pensamentos iluminados que tive em relação ao videoclip, por isso leiam, meninos e meninas...
Eu sei que vou ser considerada uma gigantesca ignorante por muitos (e eu fico contente, porque ser considerada gigantesca, em qualquer contexto, é para mim um... gigantesco elogio; quem me conhece pessoalmente saberá porquê), mas a verdade é que desconhecia um jovem chamado James Blunt. Já tinha ouvido a música dele na rádio, mas tinha-me ficado apenas pela fácil melodia e repetitivo refrão, que insiste em afirmar que "you're beautiful, it's true!" como se de um mantra se tratasse. Em suma, conhecia uma amostra do rapaz sem o conhecer de todo. Esta manhã - ou tarde - tudo mudou!
Lá me surgiu uma figura angelical pela cozinha adentro, projectada no mágico ecrã, um homem de olhos azul-celeste e boca rosa, cabelo à beto (até não lhe ficava mal, coitado), que insistia em entoar o seu cântico sob uma torrencial chuva. Aposto que haverá por aí muita menina disposta a dar-te guarida, rapaz, por isso não desesperes, a salvação está ao virar da esquina!
O que me chamou a atenção não foi o facto de o mocinho parecer um pinto encharcado à procura de uma asa amiga onde se abrigar, mas o facto de se ir despindo à medida que cantava. Nesta altura da minha vida, ver um homem minimamente atraente a despir-se alegra sempre um pouco o meu dia - mais não seja, para me rir um bocado -, por isso não vou dizer que reprovei o gesto e desviei o olhar com pudor, antes pelo contrário: fiz como faz o meu gato Igas quando lhe prometo comida - arregalei bem os olhos e observei com cuidado! É que ouvir uma música na rádio e apreciá-la com suporte visual são coisas bem diferentes, ah pois...
Bem, ele continuava a insistir no seu mantra do "you're beautiful" e sublinhava que "it's true", não fosse eu duvidar da sinceridade das suas palavras. Obrigada, rapaz, fico muito lisonjeada. Comecei a ouvir o resto da letra, e apercebi-me que ele dizia que tinha-me visto num local público (vá, este é o MEU blog, deixem-me ao menos pensar que o strip tinha um pouco a ver comigo, ok?!) e ficado perdidamente apaixonado, mas que infelizmente sabia que nunca mais nos voltaríamos a ver e isso perturbava-o claramente. Devia ser por isso que ele se despia, coitadinho, evidentemente, era uma forma de protesto.
Sendo um pouco menos egocêntrica e falando na história que este cantor relata com olhos de Basset Hound a uma hipotética rapariga, podemos afirmar uma série de coisas a respeito dele, que podem ser pouco simpáticas. A ver:
- Ele afirma ter visto a mulher da vida dele, mas não teve a decência de lhe pedir o telefone (nem sequer mascou uma pastilha e soprou contra o vidro, usando o gelo formado para escrevinhar o seu próprio telefone, o tanso);
- A frustração leva-o a meter-se debaixo de chuva e cantar (aqui em Braga serias um homem feliz, garanto-te! Água não te faltaria e o Centro de Saúde Mental também haveria de ter muito prazer em te receber);
- Ao mesmo tempo que relata a sua triste história, vai-se despindo (ok, admito que é uma característica socialmente passível de reprovação, mas da minha parte não leva crítica alguma - go, James!, podes fazer isso em frente à minha casa);
- Depois de tirada a roupa que tapava o tronco, tira as coisas dos bolsos, os sapatos e alinha-os de forma deveras obsessivo-compulsiva (aposto que todas as mulheres repararam nisto, aposto até que terá sido a primeiríssima coisa que viram com atenção no clip todo);
- Por fim, afirmando que nunca vai estar com a rapariga dos seus sonhos, atira-se do pontão e vai parar ao mar (diz não ao suicídio, James, não deseperes)!
Digam lá se ele não precisa de uma psicóloga... Dado que eu sou uma mulher muito ocupada, não lhe vou enviar o meu cartão, mas sugiro que alguém o faça, e rapidamente, antes que ele se afogue naquele mar todo, ainda por cima meio vestido. Coitado.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Rato? Ratazana!




Pois é, enganem-se aqueles que julgavam passadas as peripécias em busca do rato de portátil (v. artigos que tenham "rato" no nome)... Como a coisa se passou comigo, era mais que óbvio que este mundo cruel tinha de deitar nos meu ombros mais um episódio para vos relatar.
Então aqui vai: anteontem uma amiga - Cláudia - veio-me visitar com o propósito de me acolher temporariamente um gato que encontrei na rua e que precisa de uma casinha (sim, estou a pedinchar casa para ele, tomem nota!) Como já vem sendo hábito, a coitada vem da Maia de suburbano e, cheia de boa vontade, compra logo o bilhete de ida e volta; este último serve-lhe de recordação, porque já vem sendo hábito eu levá-la de carro de novo à Maia.
Como a minha mãe está cá a passar uns dias comigo, resolvi que era boa ideia levá-la, inocentemente, a dar uma voltinha às terras portuenses, para ela desanuviar, coitada. Fiz isto de forma totalmente altruísta e preocupada com o bem-estar dela. Juro.
Ok, a minha ideia era metê-la uma vez mais na minha saga de troca de rato defeituoso, pronto.
Lá nos metemos, ao fim do almoço, a caminho do Porto. Eu tinha revirado minutos antes a minha (apenas um pouquinho de nada, mal se nota) desarrumada secretária à procura do talão certo da garantia do rato, para ter que me render à evidência de que o talão há muito que se havia finado e que, tendo em conta tanta tinta já corrida em volta deste embruxado pedaço de tecnologia, mais valia comprar um novo. Era o que eu ia fazer... ou pensava que ia!
Claro que nos devemos debruçar, como se de uma varanda se tratasse, sobre a minha inteligente ideia de me meter no trânsito do Porto em dia de futebol. E mais nos deveríamos debruçar sobre a minha estupenda ideia de me imiscuir no espaço de um centro comercial a um Domingo, mas aí acho que caíamos todos uns quantos andares desta imaginária varanda abaixo, por isso fiquemo-nos apenas pela ideia.
Após um trânsito infernal, lá chegámos vivas ao Norte Shopping. Despedi-me da Cláudia e eu e a minha mãe fomos prestar reverência quase-religiosa ao monumento do consumismo.
E agora, meninos e meninas, perguntam vocês: em que é que este episódio se assemelha aos outros que já relatei do rato? Passo a explicar, com o relato do que sucedeu a seguir.
Claro que o Norte Shopping tem uma FNAC. Claro que eu não pude deixar de lá ir espreitar, não fossem os deuses castigar-me. O que sucede? 27€ num cd... Não esqueçamos o combustível e os 2,70€ em portagens. Começámos a somar, meninos e meninas.
Lá andei pelas lojas de informática à procura de um rato para substituir o meu finado. Mas não há amor como o primeiro, e não encontrei um que me enchesse os olhos: um era grande demais, outro pequeno, outro vermelho, outro não tinha a coisinha gira que encolhe (um fio, crianças, um fio!, nada de pensamentos pecaminosos), outro era não-sei-quê... Enfim.
Voltei de mãos a abanar, mas contente por ter andado a gastar a sola das minhas preciosas botas naquele espaço nada povoado e nada confuso.
Gastámos 10€ para jantar, depois de a minha mãe gastar 40€ numa prenda para uma amiga (amigas como a minha mãe queria eu!). Passado um bocado, decidimos que a nossa estada já se alongava há algum tempo e fomos embora. Aqui é que a coisa começa a entortar ainda mais.
Para entrar no estacionamento superior, tive que me meter numa subida em caracol digna de um filme de Hitchcock, íngreme e estreita. Para descer, a mesma coisa. Era eu a suar e a vociferar contra o arquitecto que projectara aquela maravilha e a minha mãe a bater palmas porque aquilo era "giro". Imenso, sei lá.
Como queria poupar dinheiro em portagens, quis ir pela IC1. Lá me meti a caminho, formava-se um nevoeiro espesso (Alfred, seu desgraçado, isto não é um dos teus filmes!)
A minha primeira alegria de regresso foi logo verificar que havia obras e que a estrada estava ligeiramente diferente. A minha segunda foi verificar que essas obras, em vez de beneficiar o Zé Povinho, vão chulá-lo: é para cobrar a passagem pelo IC... Sócrates, vai coser meias para casa!
A minha terceira alegria foi verificar que, por causa do nevoeiro e das obras, me meti na estrada errada e fui parar a um desvio que não tinha nadinha a ver com Braga.
-E agora?, - perguntei à minha mãe.
-Agora? Eu é que sei?
Obrigada, mãe.
Ok, vamos dar a volta ali na rotunda e voltamos para a estrada de onde viemos. Claro como água.
Espesso como nevoeiro! Fui parar ao IC, mas na direcção contrária, em direcção ao Porto! Raios. A minha mãe só se ria. Se lhe apertasse o pescoço, naquele nevoeiro, alguém notaria?...
Bem, eu não queria ir para o Porto. Ok, um desvio para Viana. 'Bora por aí.
Chego à estrada e começo a ver várias saídas possíveis, mas receava estar a desviar-me do caminho do Bem. Um dos caminhos dizia Ofir, podia ser esse, mas eu preferi (estúpida!) ir por um lado que me deixasse na direcção certa do IC, e dei meia dúzia de voltas e fiz uma inversão de marcha e lá estava eu na direcção certa... de novo na mesmíssima estrada que dizia Viana do Castelo, de onde tinha saído havia minutos. Grrrr.
Ok, para Viana.
Chegámos quase a Viana, lá apareceu a rotunda que eu conheço e lá nos metemos para Braga, fazendo os quilómetros que faríamos se aquele ponto fosse o Norte Shopping... Fantástico, nem cabia em mim de contente. É nestas alturas que lamento não ter entrado nas aulas de sapateado, senão era ali mesmo que demonstrava a minha alegria.
Feitas as contas que já se tornam costumeiras nestas coisas da busca do rato:
- combustível: 10€
- portagem: 2,70€
- quilómetros: 150
- comida: 10€
- prenda: 40€
- tempo: 1 hora (pelo menos) de estrada a mais do que devia
E... rato? NÃO! Não comprei rato nenhum...
Sabem que mais? Qual rato, qual quê! Isto já é mas é uma grande ratazana!

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

O Meu Gato É Um Camelo


O meu gato Igas é um camelo. Com isso não quero dizer que, durante a noite, o felídeo tenha sofrido uma transmutação misteriosa e passado a ter duas bossas, mau hálito (embora a boca do Igas não cheire propriamente a água de rosas) e um pêlo castanho côr de caca. Não, ele continua o mesmo gato de sempre, preto e com as bossas na barriga (arre, que o bicho está gordo, começo a desconfiar que deve ser aparentado dos texugos) e focinho de fêmea.
Eu digo que o meu gato é um camelo pelas atitudes xungas que tem com o Squish, o meu outro gato. Ora vejamos:
- Se eu dou de comer o mesmo aos dois, em gamelas separadas, o Igas não descansa enquanto não tirar o Squish da gamela dele e enfia o focinho ali (a galinha da vizinha...);
- Se o apanho a querer roubar comida ao Squish, faz um ar impávido e sereno, como quem diz "Quem, eeeu?"
- Se ele percebe que não me está a enganar, dá-me a barriga para ver se me convence;
- Quando faço festas ao Squish o Igas mete-se logo, com aqueles ares de carência imensa, como quem diz "Coitadinho de mim, que ninguém me liga!"
- Quando me dirijo para o lugar onde eles têm a comida, onde quer que o Sr. Igas esteja, lá vem ele a trote, banhas a abanar, esfomeado... mesmo que tenha acabado de comer há dois minutos. Claro que se o Squish lá estiver antes, leva a corrida.
- Enquanto faz estas sacanices todas, o Igas tem sempre aquele ar de gato inocente...
Ora digam lá se não é coisa de camelo!

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

A Saga do Rato Continua...

Eu disse que haveria de voltar à loja para devolver o famigerado rato de portátil (ver "O Rato do Alemão"). Eu disse que esta aventura haveria de ter um final feliz. Eu jurei que o destino não haveria de se rir de mim.
Pois bem, meti mãos à obra! Obriguei os meus dois neurónios a lembrarem-se do rato e respectivo talão de venda, pus o desgraçado na mala, verifiquei duas vezes, depois verifiquei outra mais, saí de casa, fui ao carro, meti gasóleo, e lá me fiz à estrada. No meio deste processo, claro que arrastei a minha mãe comigo, que só dizia "nem acredito que finalmente te lembraste de trazer o raio do rato..." Confesso que parte de mim ainda olhava de relance para a mala e perguntava se as verificações e re-verificações estavam correctas...
Lá chegámos ao Algarve Shopping. Antes que alguma coisa acontecesse (como um raio cair precisamente na minha mala e fulminar-me o talão de venda, apesar de não estar a chover), fui logo à loja. Fiquei na fila, pacientemente esperando a minha vez, rato numa mão, talão noutra.
-Boa tarde, queria fazer uma troca.
-De que se trata?
-Comprei um rato aqui e estragou-se, quero trocar.
-Tem o talão de compra?
-Evidentemente.
(Lá mostrei o talão, orgulhosa de mim mesma. A fulana olha, como quem vê um bocado de lepra.)
-Ah, desculpe, mas a garantia caducou.
(Eu, armada em jurista de casa-de-banho, achei logo que me queriam enrolar e respondi como uma flecha.)
-As garantias de material informático são de DOIS anos e eu comprei o rato há UM, por isso tenho direito a uma troca!
(Sim, estava a sentir-me mesmo inteligente...)
-Segundo este talão, a senhora comprou o rato há mais de dois anos, em maio de 2003.
(Gelei. Quê?! Um erro informático na porcaria do talão?! Era demais. Se calhar a funcionária é míope. Se calhar o tal raio atingiu-me mesmo e é isto que é o Inferno: uma loja de informática cheia de broncos...)
-Quê? Nada disso, eu comprei o rato o ano passado!
(Vá lá que a mulher, apesar das evidências - o talão dizia, efectivamente, 2003 - não me mandou ir apanhar caracóis. Olhou melhor para o talão. Olhou de novo. Olhou para mim. Ficámos as duas feitas parvas a olhar para o talão, uma para a outra.)
-Ãhn... Mas aqui diz 2003... Se calhar enganou-se no ano? Se calhar... erro informático?
(E eu, com o Tico e o Teco a boiar em tanta dúvida, comecei a pensar se, em vez do Inferno, me tinha metido na Twilight Zone. Entretanto, a empregada faz um ar bíblico de iluminação e exclama algo altamente... iluminado.)
-ÃHN! Já sei! A senhora...
...trouxe o talão de rato errado.
DOR!!!
E querem saber da melhor? O talão do rato certo está em Braga, e eu em Faro... dupla dor!!!
E pronto, mais 100km, 5€ de combustível, e 23€ na FNAC.
Há dias em que o melhor que eu faria era enfiar a cabeça na areia e fazer o pino... e asfixiar em tanta estupidez! DOR!!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Finalmente, meninos e meninas!!!


Devem estar a estranhar este meu silêncio há tanto tempo. E, como quem me conhece poderá confirmar, eu não sou rapariga que consiga estar calada durante muito tempo...
Mas as razões eram as melhores! Andei a portar-me (mais ou menos) bem para poder apresentar os meus relatórios e me licenciar. Ah pois é!
Não vos quero maçar com pormenores insignificantes, mas devo dizer que fecundar os meus neurónios e a minha paciência de forma a conseguir parir páginas e páginas de material super inteligente e bonito de se ler (em especial quando o tema é algo tão alegre como a violência doméstica ou a depressão) não é tarefa fácil. No entanto, lá devo ter conseguido causar alguma impressão de jeito, porque os professores deram-me 16 por cada relatório, o que me fez crescer alguns centímetros de altura - agora já devo chegar ao metro e sessenta de altura... nah!
Em suma, estou licenciada. Lancem os foguetes! :)
Assim, e tendo em conta o meu incrível sucesso, resolvi apresentar aqui algumas dicas úteis para quem precise de passar por situações de escrita de relatórios. Como sou generosa, nem vos vou cobrar nada (embora, de acordo com as leis do Karma todos aqueles que lerem isto fiquem obrigados a me ofertar algo, como um carro, por exemplo).
Aqui vai:
Regras super importantes na escrita de relatórios
1. Ultrapassem sempre o limite de páginas ordenados pelos professores. Muito.
Quando eles dizem que não se pode passar das "x" páginas, que chumbam todos aqueles que o fizerem, bla bla, na verdade eles estão-vos a pedir o contrário: os professores admiram quem os desafia um pouco, por isso ultrapassem sempre esse limite. Se possível até, escrevam o dobro. Eles agradecem.
2. Utilizem palavras como "escatológico," "revérebro" ou "cognoscente" sempre que puderem.
Estas palavras mostram que quem escreve tem uma mente misteriosa e um pouco inacessível, tipo os pintores que cortam a orelha e as enviam por correio (ah, se houvesse e-mail na altura!).
O melhor mesmo era conseguir juntar estas palavras numa só frase, do tipo: "Eu estou cognoscente que o revérebro do meu fruto é escatológico."
Querem nota 20? Juntem a palavra "escatológico" ao nome dos professores nos agradecimentos... É o cúmulo da finura. A sério.
3. Façam bonecos nos rebordos das folhas.
Isto só demonstra, uma vez mais, que vocês são filhos da arte e que a criatividade é o vosso alimento. Por isso, ilustrem os vossos trabalhos com bonecos gráficos em cada recantozinho de papel alvo. Podem-se inspirar em livros como o Kama Sutra ou Justine do Marquês de Sade. Ponham legendas, não para se fazerem entender melhor, mas para acrescentar alguma obscuridade aos vossos manifestos: por exemplo, se ilustrarem o Kama Sutra, escrevam algo como "lembro-me tão bem desta!" e ponham o nome de alguém sexy ao lado só para dar charme.
4. Coloquem perguntas filosóficas a meio das vossas observações. Em especial, se não souberem justificar bem uma dada acção.
Esta dica é particularmente útil nos relatórios onde dados matemáticos têm de ser apresentados. Sendo fiéis à máxima de dar um bom desafio a um professor, substituam os números por nomes e, sempre que tiverem espaço, lancem as pertinentes questões "Será correcto, aos olhos da minha religião, fazer este tipo de observação? Que sentido tem tudo isto? Que sentido tem a vida?" - Qualquer professor perceberá que quem sente esta angústia existencialista só pode ser um génio e a nota máxima está assegurada.
Quando chegaram a um impasse e não sabem explicar algo que escreveram, não se remetam ao silêncio. Na verdade, gritem! Se puderem fazê-lo na presença de quem vos avalia, óptimo; caso não possam, substituam isso por mais angst filosófico e digam que fizeram isto e aquilo "porque aquela voz que fala comigo aos dias santos me ordenou." Quanto mais vozes disserem que têm, mais bónus recebem, claro, porque a nota tem de ser dividida entre essa gente toda aí dentro de vocês.
Claro que estas dicas só servem quando o relatório não é de filosofia. Neste caso, devem escrever fórmulas matemáticas para se justificarem. Falem de Einstein, que costuma sempre resultar em alguma coisa.
5. Acrescentem receitas culinárias às vossas conclusões e um provérbio.
Façam algo como isto: "Tendo em conta tudo o que foi acima referido, resta-nos afirmar que, à luz da temática abordada, o melhor caminho que propomos é usar 2 ovos, farinha a olho, uma chávena de leite, bater tudo e deitar numa frigideira previamente untada com..."
Finalizem com uma bela frase que abranja algo de sabedoria popular, algo sempre em voga nas Universidades do nosso país: "Posto isto, quem anda à chuva molha-se e quem tem telhados de vidro não deveria atirar pedras." Reparem que eu usei DOIS provérbios numa só frase. Isto demonstra que tenho um intelecto claramente superior, mas percebo que nem toda a gente consiga alcançar este nível.
6. Por fim... enviem tudo fora de prazo e com um telegrama cantado.
Os prazos de entrega são para os fracos, para aqueles que seguem a manada! Nós, os destemidos e que têm sempre nota máxima, não nos deixamos intimidar por estes pequenos pormenores! Entreguem tudo o mais tarde possível, quanto mais tarde, mais os professores vos admirarão e se lembrarão de vocês. Aí tipo um mês mais tarde estará na média.
A parte do telegrama cantado é mesmo para dar charme.
Se se sentirem com pouca imaginação, podem sempre escolher como tema uma canção dos cantores favoritos dos nossos ex-libris académicos, como o Toni Carreira ou a Ágata. Podem escolher também Irmãos Catita, que têm sempre letras ao nível de tão solene ocasião.
Se se sentirem imaginativos, criem a vossa própria música! Usem os nomes dos vossos professores, familiares e animais de estimação e sejam criativos. Pensem naqueles momentos em que chumbaram às mãos deles e inspirem-se. Se conseguirem uma letra assim ao som do Hino de Portugal, têm o trabalho garantido.
Se tiverem dinheiro, contratem um homem para ir cantar o telegrama directamente ao gabinete do professor, escolham a altura em que saibam que ele está lá (tipo durante uma reunião) e força aí! Se puderem meter as mãos aos bolsos, contratem aqueles cantores nus, que são sempre o cúmulo do bom gosto (e se estiverem dispostos a ir mais além, peçam ao artista para cortar a orelha enquanto canta, para máximo efeito visual. Pagarão um extra pela cirurgia reconstrutiva, mas pensem nos momentos fecundos que estão a ofertar aos professores).
E voilá! Espero ter sido útil. Caso experimentem estes conselhos, creio que aqui em Portugal os melhores hospitais psiquiátricos possuem internet, por isso dêm-me feedback acerca da vossa nota quando estiverem a repousar lá. E mandem um mail à Casa Branca a dizer que pretendem mandar uma bomba ao edifício, eles adoram uma boa piada (deixem a vossa morada e nº de telefone, claro, para eles vos felicitarem).
Antes que ordenem o meu abate, aqui vai uma nota de rodapé, coisa chique que os afamados escritores (e a TV Shop) gostam sempre de acrescentar às suas obras: a autora não se responsabiliza por quaisquer danos causados no processo de entrega de relatórios; a autora nega qualquer envolvimento com forças subversivas e criativas dos Marajás da Pérsia; a autora gosta muito de professores e não pretende tê-los à coca a mandar-lhe ovos (podem, no entanto, deixá-los à porta, que a autora recolhê-los-á para fazer omeletes); a brincadeira com a Casa Branca pretende fomentar o diálogo entre Portugal e os Estados Unidos da América, mas convém que quem seguir o conselho da autora afirme que esta ideia partiu dos extra-terrestres que os visitaram na noite de Lua Cheia (eu não tive nada a ver com isto tudo; aliás, eu não existo; o que significa tudo isto? Será que a minha religião me permite estar aqui, sequer?!)