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sábado, 29 de maio de 2010

A saga Viagem IV

Dedico o post viajeiro do dia ao WC. É isso mesmo, hoje vou falar-vos das maravilhosas instalações sanitárias "glastonburianas"! Encantei-me com elas, mesmo antes de sentar as nádegas no lugar costumeiro.

A escola de body piercing que frequentei fica situada num parque de estacionamento. É um parque daqueles ao ar livre, de tipo civilizado, com árvores e sem cancelas - sim, eles esperam que as pessoas sejam honestas e entrem e saiam com os seus veículos pagando o que devem, sem vigilância. É tipo aquilo que vemos todos os dias em Portugal, estão a ver?

E o que tem isto a ver com casas-de-banho, perguntam vocês muito bem? É que a minha escolinha não tinha casa-de-banho; cada vez que precisava de verter águas, pumba, lá tinha eu que vestir dois casacos e dar uma corridinha até aos sanitários públicos, que ficam num edifício a meio do parque de estacionamento.

Claro que a vossa pergunta seguinte vai ser igualmente pertinente, embora pateta: "e o que raio têm estas casas-de-banho públicas de especial, a ponto de merecerem um post só para elas?" Elementar, meus caros Watsons de algibeira! Passo a enumerar as maravilhas das ditas:
  1. SÃO À BORLIX. É verdade, quem precisar de deixar presentes nas suas instalações não tem que pagar um chavo;
  2. SÃO MESMO, MESMO À BORLIX. Com isto quero dizer que não há, à porta, uma mulher de bigode farfalhudo e pernas por depilar a pedir-nos guito para "a manutenção dispendiosa das instalações sanitárias" (suponho que a mulher usasse outro tipo de palavras mais coloridas, mas eu sou uma menina de boas famílias e tenho vergonha de as usar);

  3. SÃO GIGANTES. Podemos treinar o nosso número de sapateado favorito, até rodopiar como se os montes estivessem vivos com o som da música (ena, que piada inteligente);


  4. CHEIRAM BEM E ESTÃO LIMPAS. Não cheiram ao rabo do passageiro anterior, não há papel higiénico espalhado pelo chão, há DOIS dispensadores de papel-higiénico (o paraíso dos ambidextros) não há grafittis com o telefone da tia do primo a oferecer serviços explícitos.
  5. DÃO-NOS MÚSICA. Literalmente. Uns altifalantes untam-nos os ouvidos com música clássica. Ora digam lá se há algo melhor do que estar a limpar a nossa anatomia inferior ao som de música sacra? Até santifica o acto;
  6. AMEAÇAM-NOS. O que é uma ida ao WC sem um pouco de aventura? Estas casas-de-banho avisam-nos, assim que trancamos a porta, que temos apenas 15 minutos para as usar, findas as quais soará um alarme. Esta gente leva os seus sanitários muito a sério. Mas não se preocupem, a mesma voz feminina melodiosa que nos dá as boas-vindas e ameaça também nos informa que seremos avisados quando o tempo estiver a chegar ao fim. Só não vos aconselho a estar de diarreia, caso contrário arriscam-se a ter a bófia à porta e as calças na mão;


  7. ENSABOAM, MOLHAM E SECAM. As mãozinhas, as mãozinhas, suas mentes sujas. Isto não é o Japão!* Nós só temos que ter as ditas no sítio certo, que é debaixo deste dispositivo que dispensa sabão, água e ar quente a intervalos certos assim sentir as nossas mãos lá debaixo;


  8. TÊM UM AUTOCLISMO ESTÚPIDO. Por "estúpido" claro que quero dizer extremamente inteligente - demorei uns bons cinco minutos para perceber que o sacana do símbolo era, de facto, o próprio autoclismo. Bastava tocar e puf, cá vai descarga. Não foi o suficiente para ser ameaçada com a polícia pela vozinha simpática, mas senti-me espertinha como um raio depois de ter percebido o funcionamento da engenhoca.


  9. SAÍMOS DE LÁ ALIVIADOS E SATISFEITOS. Todas as casas-de-banho se orgulharão de tal proeza, mas quantas nos oferecem, também, a paz de espírito de saber que não vamos fedorentar a sala de trabalho mesmo ali ao lado, onde estão todas as nossas coleguinhas, e envergonharmo-nos com isso? Há qualquer coisa boa a ser dita acerca das sanitas metidas no meio de um parque de estacionamento e longe de tudo o mais.

Ora digam lá se isto não merecia todo um artigo expositivo e a minha admiração fervorosa e uma cara de parva para o espelho.


* - Para os ignorantes: os japoneses levam as suas sanitas muito a sério, e é frequente as suas, nos WC públicos, terem dispositivos que lavam as partes baixas (com um jacto de água apontado ao sítio certo) e passam talquinho... que maravilha.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A saga Viagem III

Até nem dormi mal, apesar de estar expectante com o curso. Claro que estranhei a ausência de persianas, às cinco da manhã já era dia e os sacanas dos corvos, que abundam pela vila, divertiam-se a berrar o tempo todo. Só para mim, claro.

O meu estômago em jejum é que não estava particularmente entusiasmado com o pequeno-almoço: feijão com ketchup (yacka), salsicha vegetariana completamente esturricada e ressequida (yacka de novo), hash brown (nham nham), tomate e cogumelos fritos, ovo estrelado e torradas. Fiz planos para alterar a ementa nos dias seguintes e substituí a salsicha e o feijão por um hash brown extra, para descanso da minha alma. Não devo é ter dado muito descanso às minhas artérias - nem quero imaginar o colesterol que andei a meter para dentro das veias essa semana.

A escola ficava pertinho do meu bed & breakfast, literalmente a três minutos a pé. Julgara-me uma inteligência superior por me ter lembrado de levar o GPS, mas Glastonbury é tão pequena que nem valeu a pena.



Conheci o instrutor e as minhas coleguinhas (éramos seis ao todo) à porta da escola. Era tudo britânico. Não me admirou. Claro que eu era a mais bonita e maravilhosa de todas, nem é preciso dizer. Também devo ter sido a segunda mais velha, o que atesta bem que é quando se é mais novo que se têm estas ideias malucas de furar gente a troco de pagamento.

Os dois primeiros dias foram de teoria, teoria e mais teoria. Recebemos uma pasta cheia de informação, que tínhamos que começar logo a absorver, tipo papel higiénico de boa qualidade. Fartei-me de escrevinhar e fazer perguntas.

(Eu mencionei papel higiénico. Aviso, desde já, que vai haver um post especial só dedicado à casa-de-banho daquela zona. Preparem-se.)

Há bastantes curiosidades a respeito de Glastonbury. Uma delas, a mais interessante de todas, é que esta vila vive maioritariamente do turismo, em especial, do turismo New Age, que é como quem diz, de energias esotéricas, curas alternativas, bruxaria e paganismo, cristais e demais parafernália. Seria, portanto, de esperar que as lojas funcionassem num horário capaz de acomodar o turista médio. Mas não.

Se calhar, o turista médio não está enfiado numa escola até às seis da tarde, todos os dias, e também não se levanta de manhã cedo. Isto explica porque razão quase tudo, do posto de informação turística ao restaurante, às lojas e supermercados, abre por volta das 9h30-10h e fecha às 17h-17h30. E ainda dizem que é por cá que ninguém quer trabalhar...

Estes horários bizarros do comércio local fez com que esta fosse das estadias mais baratinhas que alguma vez fiz num país estrangeiro, uma vez que não tinha hipótese de comprar nadinha de nada, dado o meu horário escolástico. Ironia das ironias, o único dia em que saí mais cedo, a segunda-feira, foi quando ainda desconhecia este ritmo bizarro, e por isso não aproveitei nada. A minha carteira agradece, mas as pessoas a quem poderia ter comprado uma lembrança e eu, que também merecia qualquer coisinha, não.

Como anoitecia bastante tarde, aproveitei para tirar umas fotografias. A temperatura da Primavera deles era um pouco como a do nosso Inverno, e posso admitir que tive saudades do quentinho lusitano.



A praça principal de Glastonbury



Pormenor da praça

(posso adiantar que a loja da esquerda vendia tudo o que era produto baseado em cannabis)


Continuação da rua principal, The High Street

Como fazia um frio de rachar à noite, nunca saí depois de o sol se pôr. E, apesar de isto ser uma terra (aparentemente) pacata, sei lá se não me ia aparecer um bife sedento de uma vítima portuguesa para sacrificar à lua. Ou à chuva, que não apareceu poucas vezes, a desgraçada.

E... as notícias seguem noutro post, que se faz tarde.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Encontrei a máquina fotográfica (Saga Viagem Continued)

Tinha-a enfiado num saco de compras. Os meus desígnios são misteriosos, e as minhas razões serão estúpidas.
Mas alegro-me por partilhar algumas fotos, desde já, convosco. Desta vez, do meu quarto.

Três camas para uma só pessoa. Pergunto-me se me estavam a dizer alguma coisa. Reparem na ausência de persianas. Os ingleses devem adorar acordar às quatro e meia da matina com a luz solar... eu não! Argh.


Escolhi a cama da esquerda.
Caso tivessem sido chatos comigo, dormia era em todas as camas só para lhes dar trabalho.
Mai nada.

A mesinha da entrada. Havia chá de borla e um fervedor de água. As restantes coisas eram minhas. O senhorio teve a amabilidade de me emprestar o leite de soja para o meu último pequeno-almoço, que ia ser às seis da manhã...


Finalmente, guardei o melhor para o fim: a minha linda fronha no quarto. Palavras para quê?

O drogado do gato

E, aproveitando a minha vinda ao blog, tenho a comunicar que, depois de tanta droga e mezinha e feitiço sobre o persa, finalmente descobrimos um medicamento que o faz usar a areia como um menino lindo e deixar o soalho de madeira em paz como um menino ainda mais lindo.YAY!

O bicho ainda anda um pouquinho grogue, mas noto melhorias de dia para dia (ainda se está a adaptar ao medicamento no sistema) e qualquer dia já deve berrar por mim em plenos pulmões, às cinco da manhã, como fazia antigamente. Não posso dizer que tenha saudades...

A saga Viagem II

Se bem se lembram, a minha apaixonante narrativa ficou suspensa naquele momento em que maldizia o raio do vulcão e desejava que o sacaninha parasse de vomitar cinzas para eu poder viajar em paz.

O vulcão teve a decência de fazer uma pausa nas suas actividades expulsoras e lá me deixou levantar vôo na besta de metal. Ufa.

O que eu não contei antecipadamante era que eu conseguir pôr-me em terras britânicas era apenas a primeira, de muitas, das minhas preocupações. Para chegar ao meu destino, muitas pecinhas tinham que se alinhar neste Cosmos, ou ficava a chuchar no dedo e a choramingar algures em Inglaterra, que me lixava.

Vejamos, então, o que era necessário para tudo correr sobre rodas:

  1. O estupor do vulcão tinha que ficar quietinho;
  2. O avião tinha que levantar vôo a horas;
  3. A minha mala tinha que ir parar ao tapete de recolha do aeroporto muito rapidamente;
  4. Os palermas da Alfândega britânica tinham que se deixar de paranóias e deixar-me passar rapidamente (quem foi a Londres logo após os ataques terroristas de 2008 por lá sabe do que falo...);
  5. Eu tinha 30 minutos para descobrir onde ficava o terminal dos autocarros, comprar um bilhete para outro aeroporto e pôr-me no local apropriado para apanhar esse dito cujo autocarro;
  6. Este autocarro famigerado tinha que chegar sem um minuto sequer de atraso, dado que eu apenas teria 15 minutos para encontrar o outro posto de venda de bilhetes e apanhar o único autocarro do dia para a terra onde ia fazer o curso;
  7. Finda a compra, tinha que apanhar esse segundo autocarro a tempo e horas;
  8. Tinha que pedir por favor aos donos da residencial onde ia ficar para me deixarem fazer o check-in mais tarde do que o habitual, porque a hora estimada de chegada era às 23h30 (o check-in acabava às 22h);
  9. O autocarro tinha que chegar sem atrasos, porque eu ainda tinha que encontrar o raio da residencial e rezar para que não ficasse tão longe da paragem que eu e as minhas malas e cargas ficássemos a dormir na rua pela demora em chegar ao lugar;
  10. Não ser assaltada ou homicidada algures entre estas etapas.

Coisa pouca, portanto. É claro que passei um stress desgraçadinho, sempre a desejar que a próxima coisa da minha lista corresse bem assim que (esperava) fosse riscando o factor anterior.

O que aconteceu, então? Fui bem sucedida? Leiam e descubram, enquanto estico os dedos por cima do teclado, qual pianista, e me preparo para escrever tudo:

  1. O estupor do vulcão portou-se bem, como já vos disse. Fase Um completa;
  2. O avião levantou vôo quando devia. Ufa. Chegou dez minutos adiantado! Fiquei com quarenta minutos entre a Fase Dois e Quatro;
  3. A minha mala foi, miraculosamente, a terceira de todas a chegar ao tapete;
  4. Passei em três minutos pela alfândega;
  5. Descobri o terminal dos autocarros, descobri ao fim de minutos que estava no errado e tive que sair do aeroporto para me dirigir ao certo. Perdi cinco minutos com isto. Comprei o bilhete para o outro aeroporto e consegui ir buscar comida, já que estava com tanta fome que já achava as minhas malas azuis e coçadas apetitosas; o transporte chegou e partiu a horas. O assistente do motorista disse-me que desconfiava que chegaríamos adiantados - abençoado.
  6. Chegámos adiantados (15 minutos) - obrigada, obrigada, obrigada! Consegui encontrar a bilheteira, que estava com uma fila de meter medo. Resolvi ser corajosa e usar a bilheteira self-service que eles tinham e rezar para não comprar nada para Istambul. Correu bem e poupei tempo precioso.
  7. Apanhei o único autocarro do dia, que teve a decência de chegar atrasado. Obrigada, obrigada, obrigada!
  8. Nem precisei de choramingar ao telefone: quis o destino que escolhesse um bed & breakfast que fica por cima de um pub, pelo que havia funcionários até à meia-noite para me receber. Agora só tinha que o encontrar a tempo...
  9. Abençoados os deuses do Monte Vesúvio, o b&b ficava mesmo, mesmo em frente ao terminal dos autocarros! E cheguei a horas;
  10. Não fui assaltada. Não fui homicidada, nem um bocadinho. Nem sequer tive tempo de passar frio, porque o caminho era tão curto entre os dois pontos que demorei um minuto a chegar onde queria...

Apre...

Os meninos e meninas podem pensar que foi coisa pouca, mas foi um nervosismo do princípio ao fim de tudo. Bendito desodorizante, que conseguiu ser eficaz no meio deste stress todo.

Estou certa que as estrelinhas se alinharam para me ajudar e para que tudo corresse bem. Afinal de contas, bastava uma coisinha correr mal para o resto descarrilar com toda a potência. No fim, já nem tinha reservas de adrenalina que sobrassem. Só me restava agradecer a tudo e mais alguma coisa e ir dormir...

(Aguardem o resto da narrativa, que continua amanhã. Entretanto, desejem-me sorte a encontrar a câmara fotográfica.)

Voltei!

Pois é, meninos e meninas, voltei de Glastonbury, sã e salva! Já podem respirar de alívio e até chorar umas lagrimazinhas de crocodilo pelo meu regresso.


Esta aventura teve direito a um rio de histórias e fotografias, que, claro está, vou partilhar convosco (assim que encontrar o raio da máquina, que se perdeu cá por casa; raio de mania que os meus aparelhos electrónicos têm de ir embora assim, sem aviso). Mas antes, vou contar o porquê da minha viagem.


Esta ida à terra das bruxas não foi um acaso ou motivada por uma vontade de comprar um caldeirão novo, embora houvesse mais que muitos dos ditos à venda nas lojas de lá. Nã, nã. Esta ida teve um propósito profissional: fui fazer um curso!


Curso de quê, perguntarão os mais curiosos. Curso de domadora de tigres? Curso de incendiária? Curso de paciência a aturar os outros? Embora talvez estivesse necessitada de todos os mencionados, foi um...


...Curso de Body Piercing.




Pois é, nunca os meus paizinhos sonharam criar uma filha para isto, mas lá foi a psicóloga tirar um curso que a ensina a furar a pele dos clientes, em vez de a sua psique. Desculpem lá, pai e mãe. A loucura não dá só nos vintes...


Caso estejam curiosos, sim, passei nos testes escritos e práticos e sou agora uma Body Piercer licenciada e Membro Associado da The British Body Piercing Association. Até me sinto mais alta.


Mais notícias à medida que for tendo novidades! E antecipando outras perguntas, sim, vou estar numa loja, assim que tiver a confirmação final também aviso!

sábado, 8 de maio de 2010

A saga Viagem


A esta hora, devia estar a meter-vos nojo com os relatos da minha primeira noite em Glastonbury. Devia estar a dizer que aquilo é fantástico, que afinal nem está muito frio e que o meu quarto é fabuloso. Devia dizer que os ingleses heterossexuais são todos lindos de morrer e que o Rei Artur ressuscitou de propósito para me dizer olá.

Mas não.

A esta hora, estou em território lusitano que me lixo. E porquê?

Isto merece maiúsculas e vernáculo: POR CAUSA DA MERDA DO VULCÃO, ESSE SACANA!!!

(Aqui faço a pausa da praxe para vos deixar rir à vontade.)

Pois é, aqui a menina estava de malas e bagagens, feliz e contente, a pôr o seu pezinho fino e delicado em solo "aeroportês," quando olha para o placard das partidas e vê que o seu vôo havia sido cancelado. Tivesse eu uma navalha à mão naquela altura e... cortava os pulsos doutra pessoa qualquer para mostrar indignação.

Claro que o camelo do vulcão islandês, que resolveu andar a vomitar cinzas nos últimos tempos só para me chatear a mim em particular, não sabia estar quieto umas horas mais, até eu estar no ar. Nããão, o sacana tinha que dar um arzinho da sua graça logo hoje!

Eu e duzentas outras pessoas fizemos fila para darmos uma palavrinha simpática aos senhores da companhia aérea. Alguns de nós tinham menos ar de conversa e mais ar de homicídio, mas infelizmente não se deu a carnificina - foram umas quatro horas de espera bastante monótonas. Quando me juntei à fila, o próximo dia de vôo disponível era na terça. Mau, pensei, tenho mesmo que estar em Glastonbury na segunda de manhã! Murmurei uns quantos palavrões coloridos em português, salvarguardando os ouvidos dos meus vizinhos, todos britânicos (e com o mau gosto de vir passar férias ao Algarve). Quando estava a chegar ao balcão, já só havia bilhetes para quarta. Respira fundo, Leonor.

Estava eu já há um par de horas à espera, quando tive um momento de clareza. Depois de ter pensado que tinha que desistir, depois de ter considerado a hipótese de ir de carro, de pagar horrores por um bilhete noutra companhia, subornar alguém, pedinchar, ameaçar ou roubar identidades, lembrei-me que... tinha outro bilhete de avião para amanhã!

Claro que vou ter que explicar, não é? Aqui vai: da primeira vez que fiz as marcações, aqui a expert em geografia (de qualquer país, até do meu - quando era mais nova pensava que Loulé ficava no Alentejo e que Évora e Aveiro eram a mesma cidade... eu sei, eu sei.) nem se lembrou do aeroporto de Bristol, a meia hora do meu destino final; aqui a estúpida comprou um bilhete para Londres e, depois de feito o check-in online, que impossibilita fazer quaisquer alterações posteriores, apercebeu-se do seu erro dez minutos depois. Resultado: chorei o dinheiro gasto e arejei mais umas patacas, comprando novo bilhete.

Mas se há alturas em que a estupidez (e ignorância geográfica) dá jeito, esta foi uma delas! Fiquei com um bilhete que vale ouro e a dor de cotovelo de uma data de ingleses quando lhes contei este meu bem-aventurado engano. E ainda recebo o meu dinheiro de volta desta viagem. Boa.

Portanto, para finalizar isto, só me resta esperar que os islandeses tenham esta noite a decência de atirar umas virgens para dentro do vulcão, para ver se o desgraçado se amansa e me deixa viajar em paz e sossego. Pelo sim, pelo não, também vou fazer a dança da chuva.

E, se a minha ida se mostrar sem incidentes de maior, o próximo passo é pedir aos deuses do Olimpo e mais além a decência de me deixar também regressar sossegada, sem núvens estúpidas... esperemos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ah, e...

...vou passar uma semana a Glastonbury! Eis os locais por onde vou passar:








E coiso. Giro, não? Para os metaleiros (não precisam de ser gatos), é o local onde foi gravado o Silent Enigma dos Anathema. Para os pagãos, bruxos e afins, é Avalon. Para os patetas das lendas, é onde viveu o Rei Artur. Para mim... é onde vou rapar um frio do caraças, que vi hoje a previsão meteorológica para os próximos dias e deu-me uma coisinha.

Gato metaleiro? Gato drogado...

Lembram-se do persa cá de casa? Pois é, ele além de ter um penteado da moda, tem outra característica muito fofinha: uns xixis fora da areia, pelo menos duas vezes por dia! Cá em casa, temos a mania que há alternativas para o fazer parar - além de lhe torcer o pescoço (algo que nos passa, de quando em vez, pela cabeça). Assim, sua felineza real tem direito a areia limpa com a frequência de um obsessivo-compulsivo, difusor/ambientador com feromonas relaxantes (ah, o spa!), uma metade da casa só para ele (i.e., sem outros gatos) e medicamentos pelas goelas abaixo.

Com tudo isto, acham que sua excelência pára de me mijocar o chão de soalho quase centenário? Claro que não, o imbecil. Um destes dias, já perto da gota-de-água, resolvemos que lhe íamos alterar a medicação. Era um medicamento que ele já tinha tomado antes, mas como tenho memória de peixe já não me lembro se era mais, ou menos, eficaz do que o actual, por isso embora lá experimentar de novo.

Como referi, tenho memória de peixe. E, falando de peixe, o filho do dito gosta de nadar e eu fui-me juntar com uma criatura-macho que tem tanta, ou pior, memória que eu, mas acha que é um Pentium XXII (sim, eu sei que não existem. Chiu.) "Qual é a dose que lhe tens que dar?" perguntei eu, e ele, com toda a convicção, responde que "um quarto de comprimido!"
Eu já devia saber o que a casa gasta. Mas parece que ainda não aprendi, de modo que achei que ele até percebia do assunto e a coisa ficou marcada para o dia seguinte, um quarto de comprimido a viajar para dentro do persa adorável...

Bem... não matámos o gato. Mas devemos-lhe ter dado a maior moca da sua vida: o bicho deixou de miar, deixou de gritar cada vez que me via, deixou de fazer ronrom, deixou de tudo. Até deixou de mijar o chão! Fiquei assustada.
Metia dó ver o gato. De vez em quando, ia mudar de posição e levantava-se, mas a meio devia esquecer-se qual a sua missão, e ficava os próximos dez minutos meio agachado, meio levantado, à procura, naqueles neurónios felinos, qual o objectivo da sua vida naquele momento. "Quero levantar-me? Oooh, a minha pata é cor-de-rosa. Quero sentar-me? Quem sou eu? Ooh, psicadélico, aquilo ali ao canto. Mãe, és tu?"

Resultado: fiquei o dia todo em casa, sem ter coragem de desviar os olhos dele, não fosse o gato morrer e eu ter mau kharma, senti-me uma narcotraficante felina e ainda andei com medo que ele me mijasse não o chão, mas a cama! Eu não mereço.

Ah, isto foi anteontem. Posso dizer que, hoje, o gato ainda está ligeiramente mocado. Há-de haver algumas dores de cotovelo a ler isto...

sábado, 1 de maio de 2010

Pensamento do Dia

Se, segundo as Testemunhas de Jeová, apenas 10000 professantes da religião deles é que vão ter direito ao Céu quando vier o Apocalipse...

...não era suposto eles não quererem recrutar ninguém, para evitar a concorrência?