Resolvidos os meus assuntos, dei meia volta e eis-me de volta à porta do Metro, pronta para descer para o subsolo. Vou confiante, uma empanadilha de atum no bucho.
Antes de entrar na estação, cometo o erro de olhar distraidamente para a colina à minha esquerda, e eis que...
...vislumbro um camelo.
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Pisco os olhos. Um camelo? Um camelo, sim! Ali estão as duas inconfundíveis bossas, o pêlo, como manda a música, só não sei se o dito se chama Areias, mas é, decididamente, um camelo.
Páro, com um ar ainda mais aparvalhado do que o costume. Pelo sim, pelo não, resolvo piscar os olhos, não vá estar enganada. Se olhar para os lados, talvez a miragem desapareça.
Ok, o camelo continua lá. Não era miragem, ou se era, era uma teimosa.
Dois lamas.
Dois lamas?!
Dois lamas. No meio de Lisboa.
E, para se juntar à festa, três ou quatro antílopes. Tudo ali a passear-se, perto dos prédios vizinhos. Mas que raio.
Ah, e como este não é um blog de meia tigela, reparo que, afinal de contas, há mais que um camelo a passear-se pela colina, ali está o primo, e o tio. São TRÊS camelos. Vai-me cair o céu em cima.
Enquanto estou, feita parva, parada na rua a olhar para aquele monte de terra um pouco distante, a observar os animais, vão passando pessoas, que me olham como se eu é que fosse o camelo. Ou o lama. Antílope?
Mas que raio?! Teria eu tomado a medicação toda? A medicação certa? Estariam os deuses a pregar-me uma partida horrenda? Iria eu passar a ver camelos em todas as colinas de Lisboa? Elas são sete, estou tramada!
O que vale é que há almas caridosas sempre dispostas a dar-nos esperança nos momentos mais negros da nossa vida. Um homem, fofinho, olhou para mim, olhou para a colina, percebeu o meu drama, e apressou-se a explicar:
"São as traseiras do Jardim Zoológico..."
Ah.
Assobio, como se não fosse nada comigo, e enfio-me, literalmente, no maior buraco que ali foi escavado nos últimos anos, e desapareço nas entranhas da terra, ansiosa por ir ter a outro lugar qualquer. Bah.