Como sabem, é hábito no nosso país os nossos paizinhos pegarem nos seus respectivos apelidos e darem-nos aos seus filhos aquando do registo. Como eu tenho paizinhos diferentes da norma, isso não aconteceu totalmente comigo.
Para começar, um dos meus apelidos foi cortado a meio. É um daqueles apelidos meio finórios, que teriam hífen aqui há uns anos atrás, e o meu pai decidiu que eu só era digna de ser meia finória, para não crescer com manias de que era gente. E assim, puf, vai-se um apelido.
O último nome da minha mãe é Gigante. Ela resolveu ter misericórdia da sua filha e não me deu o apelido, o que só revelou bom senso e capacidade de adivinhar o futuro, porque cresci tanto, mas tanto, que o alto do meu metro e cinquenta e seis centímetros ia ser demasiado para fazer juz ao nome. E assim, puf, vai-se outro apelido.
Deste modo, com tanta censura e corte, fico só com cinco apelidos. Está mal, porque a minha elevada condição social pede que tenha aí uns oito ou nove, devidamente hifenizados e com grafia estrangeirada, tipo, sei lá, um "Callaça" ou "Ghigantte." Tinha sido bonito, digo eu. É por estas e por outras que não apareço na Caras. Que pena.
Contudo, como a menina inteligente que sou, tive a espantosa e linda ideia de juntar o meu último nome com o apelido que a minha mãe me negou e criar toda uma nova personalidade, digna das revistas cor-de-rosa. Pus a cabeça a pensar muito, muito, e cheguei a duas combinações possíveis:
Er... Pensando melhor, se calhar é melhor não.