Em frente a uma montra:
- Dói-me o cotovelo, raios.
- Percebo-te perfeitamente! Também adorava ter aquele relógio!
A folhear uma revista:
- Que dor de cotovelo, bolas.
- Oh, eu sei! Também queria ter o rabo da Angelina!
E lá se criam aqueles momentos desconfortáveis em que vais ter de estilhaçar a ideia que a outra pessoa tem que partilhas invejas com ela e explicar a coisa direitinho.
Na verdade, é uma dor física. Dói-me, literalmente, o cotovelo. Melhor dizendo, doem-me os dois. Eu quando tenho dores gosto que sejam bilaterais, para não ter uma parte do meu corpo a rir-se da outra. E é mais democrático.
Os meus cotovelos começaram a queixar-se no trabalho. Era coisa pouca, um certo incómodo de quase nada, para depois, com o tempo, cavalgar até se tornar uma chatice que me impedia de pegar no saco das compras sem ganir.
Claro que arranjei logo maneira de aproveitar a minha desgraça. A casa-de-banho precisa de ser lavada? Ai! Ui! Cotovelos em chama! Lavar a loiça? Dor! Inchaço! E os dias passavam (alguns com a casa-de-banho e a loiça num estado um nadinha de nada imundo).
O problema agora é que a dor continua cá, apesar dos tratamentos de ultrassom, massagens e pomadas. Os anti-inflamatórios estão, rapidamente, a tornar-se os meus grandes amiguinhos matutinos. Não é coisa fixe.
Assim sendo, além de me querer queixar ao público cibernético que por aqui anda, aproveito para lançar um apelo. Aliás, vários. Aqui vão:
- Quem é que vai trabalhar por mim para não me doerem os cotovelos? No fim do mês, eu ofereço uma palmadinha nas costas e recebo o salário. Só porque sou mesmo boa pessoa.
- Quem me massaja? Dou biscoitos de cão em troca.
- Quem lava a casa-de-banho? Ofereço um ambientador de carro ligeiramente usado.
Vá, são ofertas irresistíveis. Alinhem. Coiso. Cenas. Eu mereço.
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