No fim-de-semana passado, fui a Lisboa. Como nenhuma visita a uma cidade com tanta história fica completa sem uma exploração dos seus monumentos, resolvi conhecer uma das catedrais noctívagas dos metaleiros locais: o bar/discoteca Disorder.
Como boa psicóloga que sou, é claro que já tenho as minhas manias e defeitos profissionais, sendo uma delas a de observar as pessoas em determinados contextos. Aquela gente de preto foi, coitada, alvo das minhas análises, e é isso que quero partilhar convosco.
Para começar, aquilo fica num local perfeitamente refundido na zona do Cais do Sodré e eu e o casal amigo com quem estava andámos um pouco à nora para encontrar o bar. Felizmente, um senhor simpático que tomava conta de umas meninas que andavam por ali na esquina teve a gentileza de nos apontar a direcção correcta, e lá chegámos ao destino.
O Disorder é um espaço soturno, escuro, cheio de sombras pretas - por outras palavras, o pesadelo das pessoas que se vestem de rosa e o sonho dos góticos e dos deprimidos (ou ambos, como é, frequentemente, o caso).
De paredes em pedra e tectos abobadados, quase me senti tentada a pedir uma Super Bock Abadia. A gerência devia estar em protesto contra a EDP, porque as luzes eram quase inexistentes, de tal forma que, se me desviasse meio metro, deixava de ver os meus amigos.
O ambiente soturno era acentuado por uma misteriosa máquina de fumo que soprava algures e nos fazia sentir que estávamos em Londres e aquilo era o smog que nos ia engolir. Mais um bocadinho e, com tanta gente de vestido e casaco comprido, ainda começava a ver o Jack, O Estripador...
O som era, no mínimo, interessante; mais propriamente, a forma como as músicas eram dispostas. Pop seguido de metal a abrir, depois uma música em estilo electro, para ouvirmos metal old school novamente... Um mimo. Se eu fosse bipolar, batia palmas.
Fantástico foi o facto de o Tiago, um dos meus amigos, ter jurado que o line-up das músicas era exactamente o mesmo que num Sábado qualquer este mês de Março em que ele lá foi...
Mas bom, bom, no som (ena, que rima) foi eu não ter ouvido uma única coisa nova. Eu gosto de revivalismo, adoro mesmo, mas sentir que estava num bar de segunda que, para além de não ter dinheiro para pagar mais luz, ainda não tinha acesso a uma ou outra musiquinha mais recente... Bem!
Mas deixei o melhor para o fim, pois claro, a cereja em cima do bolo: os clientes!
As meninas eram um must. Os seus vestidos negros esvoaçantes eram muito giros (sem ironia, gostei mesmo), mas as atitudes... Decididamente, tenho demasiado bom humor para espaços assim. Aqueles movimentos de dança completamente pensados, as poses estudadas horas a fio em casa, ao espelho...
Houve uma jovem que esteve, sem exageros, 10 minutos sem mexer um músculo ao pé da pista, mãos à frente, cabisbaixa, a olhar para o chão... Juro, se tivesse cartões profissionais na altura... dava-lhe um. E não lhe falava nos sites de suicídio da internet!
Os homens também apresentavam uns espécimens giros, em particular, os que andavam à pesca. Giros, isto é, como se fossem nenúfares desesperados por um pouco de água e um sapo... Tentaram-me pescar, teve piada, porque não sabia que o olhar fixo ainda era uma técnica de engate, ahahah!
Enfim, uma noite que acabou por ser divertida... com umas gotinhas de vodka e muito humor à mistura, até um antro de góticos deprimidos pode ser uma festa!
(imagem: http://www.laalternativepress.com/v03n15/images/v3n15_A&I-Goth.jpg)
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