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terça-feira, 30 de maio de 2006

Mas quem é que manda aqui, hein?

No outro dia, estava eu calmamente (ahahah!) a conduzir por Faro, quando me acontece isto: vou ter a uma rua onde, no cruzamento, apenas posso virar para a direita ou para a esquerda, sendo que ao condutor que venha de frente para mim também tem de obedecer à mesma regra.

Ok, até aqui nada de especial, nem digno de relato neste magnífico blog. Continuem a ler, que já chegamos ao resto.

Então, dizia eu, estava no cruzamento. Preparava-me para virar à direita, quando um carro de matrícula francesa com um casal de velhotes aparece à minha frente. O condutor olha para os lados e, fazendo-se de ingnóbil - ou gajo que não é de cá e o resto tanto faz - e prepara-se para entrar na minha rua. Não só se prepara como o faz, metendo o seu Renault azul pela minha faixa, descontraidamente.

Pronto, pensei, o gajo já é entradote, está noutra terra, vou ser simpática e dizer-lhe que se enganou. Apitei e fiz um ar de "oh amigo, mas julga que está na sua casa? Isto, lá por ser Portugal, também tem regras! Por aqui não passa!"
Claro que ele defecou prontamente na minha advertência, depois de fazer um gesto amplo de agradecimento. "Obrigada, sua portuguesa estúpida, mas eu sei o que faço. Allez, allez!" E lá seguiu ele pela rua, em sentido proibido.

Depois apareceu outro lusitano, este pedestre, que fez a mesma advertência, naquele espírito de entre-ajuda tão nosso. O homem agradeceu e, defencando novamente nos avisos, meteu-se numa rua obscura qualquer que para lá havia, desaparecendo da minha vista.

Em mim cresceram todos os sentimentos de revolta e mais alguns. Quer dizer, aparece por aqui um gajo com matrícula estrangeira, que é sempre sinónimo, para um português, que é um ser mais civilizado que nós, para fazer porcaria na nossa bela terra? Mas onde é que vamos parar? Aqui mandamos nós, pah, nós respeitamos os sentidos proibidos! Que desplante...
(E, enquanto vocifero isso na minha cabeça, vou a outra rua onde vejo outro carro de matrícula francesa a estacionar num lugar onde é proibidíssimo... fiquei ainda melhor, claro.)

Entretanto, refiro aqui que a minha incursão por aquela parte da cidade tinha um propósito, que era o de comprar um bilhete de autocarro para um amigo.
Assim, ainda resmungando entre dentes, falando contra os erros dos estrangeiros e do quão cumpridores somos por cá, lá estacionei o carro em local ultra proibido, liguei os quatro piscas e fui, calmamente, ao terminal dos autocarros comprar o raio do bilhete.

Ah pois, que aqui nós é que mandamos! Nem mais.

1 comentário:

Seco disse...

Tou a ver que toda a gente faz borrada no trânsito de Faro, mas apenas eu é que sou multado...

é uma injustiça!
nacional ou estrangeiro, as multas são para passar aos outros e não a mim.