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sábado, 18 de novembro de 2006

Objecção (parva) de consciência

Pois é, a ler é que se cultivam as mentes, mas devo dizer que, por vezes, em vez de cultivo encontramos adubo orgânico...
Passo a explicar: a ler o Expresso da semana passada, dei com o artigo de opinião do Sr. António Pinto Leite (ou "dr.", não quero ofender nem deitar os parentes na lama - desculpe lá, Toninho), intitulada "Aborto e Objecção de Consciência". Confesso que revirei os olhos, porque artigos a respeito do famigerado referendo já me cansam, cada um puxa a brasa para a sua sardinha e não se chega a lado nenhum, mas já que paguei o jornal todo, leio-o todo, e lá resolvi ler.
Este artigo de opinião é, no mínimo, um exercício de patetice tremenda. Antes de mais, lê-se nas entrelinhas que o seu autor acha que, caso o "sim" prevaleça, toda e qualquer mulher vai imeditamente a correr engravidar só para poder experimentar os novos serviços de aborto, tipo o portuga que faz questão de ir ao novo Centro Comercial no dia da sua inauguração. "Sai um aborto e um pão com queijo, se faz favor!"
O Sr. Pinto Leite usa argumentos de índole claramente religiosa, mas ignorando o que a própria Bíblia entende como um ser humano; também ignora a interpretação da Lei. Contudo - e aqui entra a cereja no topo do bolo - para gáudio de todos nós, este senhor tem um momento de Luz Inspiradora e diz que "se o aborto for despenalizado, uma parte dos impostos dos portugueses será gasto nesta prática. Os cidadãos deviam poder fazer objecção de consciência ao destino dos seus impostos."
Ora aqui, confesso, tive que me calar e tirar o chapéu a este senhor. Ele merecia um prémio, descobriu uma fórmula mágica, o caminho para a felicidade! Pensem comigo: se eu passar a ter o direito de decidir o destino dos meus impostos por motivos de objecção de consciência, então a solução de felicidade é...
...sigam o meu raciocínio...
...fundar uma religião na qual o pagamento de impostos seja o caminho certo para destruirmos o nosso Kharma/sermos impedidos de entrar no Valhalla/Paraíso/Ilha do Verão (ou outra coisa que o valha, usem a imaginação).
"Peço desculpa, Sr. Sócrates, mas a minha religião proíbe o IRS, o Imposto Automóvel, a Contribuição Autárquica, o IVA, o IRC... Não vai querer que eu condene a minha alma, pois não?"
Tiro-lhe o chapéu, Sr. Pinto Leite! Posso-lhe oferecer um pãozinho com queijo?

1 comentário:

Lux Caldron disse...

Isto é a teoria da batata...é como as propinas.Quando é para cobrar algo dizem à boca cheia que quem usofrui dos serviços é que os deve pagar(como se os trabalhadores com formação superior não passassem a vida a descontar pa segurança social,etc.).Eu concordo mas apenas e só se me provarem que pagando propinas,portagens,não indo ao hospital(mesmo à beira da morte...), etc. os impostos descem para todos os contribuintes...como pelo contrário eles ñ param de aumentar ñ concordo com essas desculpas.