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sábado, 1 de março de 2008

Multibanco


Há dias em que tenho material de blog somente pelo simples facto de sair de casa.

Fui ao supermercado. Podia-vos oferecer uma explicação imensamente metafísica (ou tautológica, outra palavra linda de se ter num blog, dá-lhe logo outro ar de sofisticação) para a minha ida, mas além de não me ocorrer nada, a simples verdade é que precisava de pão. E azeitonas. E pasta de dentes. E queijo. E… vocês perceberam.

No fim das compras, lembro-me que tenho uma conta para pagar, e o prazo termina nesse dia. Há ali uma máquina multibanco, portanto, não é tarde nem é cedo, lá vou eu.

Está um casal a usar a máquina. Melhor dizendo, está ela a usá-la, e o namorado/marido/amante observa e tenta ajudar. Ajuda, essa, que não parece ter tido muita eficácia, pelas razões que vos passo a explicar.

A jovem não se lembrava do seu código pessoal. Digitou um número, e o monitor mostrou a famosa frase em estilo apocalíptico: “Código errado. Dispõe de mais duas tentativas”. Ela olha para o rapaz, o rapaz nada lhe diz, ela digita novo código.

Supresa! Enganou-se de novo. “Dispõe de mais uma tentativa.” É agora, ela lembra-se! Ela digita outro número! Aguardamos todos, cheios de espectativa, pelos resultados!

Ela engana-se outra vez. A profecia apocalíptica cumpre-se, e a máquina come-lhe o cartão (na minha humilde opinião, devia ter explodido, mas não se pode ter tudo). Ela fica uns segundos a olhar para o monitor, o rapaz faz o mesmo, e constata o óbvio: “A máquina comeu-te o cartão!” Apeteceu-me bater no peito e fazer “Ugh!”, mas contive-me.

Quando se fica com o cartão retido, a máquina dá-nos sempre um recibo a comprovar o sucedido, não porque possamos estar demasiado bêbados para nos lembrarmos da coisa no futuro, mas porque os senhores dos bancos não se limitam a acreditar em nós quando lhes apresentamos uma versão ligeiramente mais adulta de “o meu cão comeu-me os trabalhos-de-casa.” O recibo é, portanto, uma coisa boa, não um bicho mau que nos castiga. Vamos todos repetir, para a tal jovem perceber. Vá, em uníssono: Recibo Bom! Recibo Amigo!

Acham que ela percebeu? Claro que não, pois. Olha para o recibo, faz beicinho, olha indignada para o rapaz (algures na cabeça dela, a culpa é dele, e agora vamos esperar que os dois não vivam juntos, senão vai ser dormir sofá por uma semana) e…

…rasga o papel. Toma, que é para aprenderes, máquina de multibanco maléfica. Morre! Agora nunca mais te lembras de me comer cartões e devolver papelinhos!

Fim da história.

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