Já discorri, em tempos, acerca do GPS, essa invenção-maravilha para pessoas sem rumo como eu.
O aparelho GPS é o espectáculo, uma espécie de Ambrósio preguiçoso (“Digo-te onde fica, mas és tu que te arrastas até lá, seu burguês desgraçado”) e uma preciosa ajuda para quem tem – como eu – uma certa fobia em se perder em estradas nas quais não tem qualquer ponto de referência.
Hoje não quero falar deste aparelho propriamente dito, mas sim da relação que o Homem tem com ele. É uma relação com uns contornos um pouco estranhos, como não vemos em mais lado nenhum na nossa sociologia de massas. Eu explico:
-- Existem dois tipos de pessoas no mundo: os que acreditam no GPS, e os que não acreditam nele;
-- Os que acreditam nele simplesmente inserem coordenadas e vão cegamente para onde o aparelho manda, o que por vezes pode querer dizer o fundo de um lago, mas isso é um tabu e ninguém deste grupo fala nisso;
-- Os descrentes no poder do GPS recusam-se a aceitar a sua sabedoria e, quando se dirigem aos crentes desta entidade, fazem uma expressão de incredulidade e dizem: “ssssim, mas deixa-me dar-te outras indicações na mesma, não vá isso falhar…”
Agora eu pergunto: porque é que não há os Talibans do GPS? Porque é que não há guerras, batalhas épicas, discussões monumentais à pala destas diferenças ideológicas?
Só prova que nós, seres humanos, somos mesmo estúpidos. Em vez de nos debatermos em nome do pró-GPS (ou anti-GPS), andamos por aí à porrada uns com os outros por causa de uma outra coisa que nem se vê e que nos convenceram que, essa sim, é que fez e manda no mundo. Bah.
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1 comentário:
O interessante no "GPS" é a voz melada das raparigas: "À gouche" - "À droite"... o resto? o resto, só serve para quem teme perder-se.
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