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quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Rupestre de casa-de-banho

Conheço algumas pessoas que têm as ideias mais iluminadas sentadas naquela cadeirinha de cerâmica com um buraco no meio, enquanto se aliviam das suas demais flatulências e cargas superfluas. Embora não saibamos qual a relação entre o alívio escatológico e o lado direito do cérebro, acho que deveria haver um ser humano de espírito curioso que se deveria debruçar (não literalmente, espero) sobre este fascinante fenómeno.

As razões para a minha curiosidade prendem-se com o sempre maravilhoso panorama com que me deparo sempre que uso uma casa-de-banho pública: não há porta ou parede (ou mesmo um modesto porta-papel) que não seja, ocasionalmente, ornado de palavras deixadas pelas meninas que usam as ditas instalações.

Assim sendo, a minha pergunta é: que tipo de pessoa deixa coisas manuscritas nas casas-de-banho, e porquê?

Se não podemos dizer que uma madame nunca sofre de gazes, também não podemos dizer que não há madames que não andem de lápis em punho nos wcs, prontas a escrevinhar uma qualquer ideia luminosa. "A Bibá ê uma ordinâriaaaa!" ou "A Cinha ê uma forretaaaaa!" poderiam ser as suas mensagens.
Por outro lado, não nos podemos esqueces dos conteúdos amorosos ou geográficos, sempre tão populares: "a Ana ama o Manel" ou "Eu, Gertrudes, estive aqui no dia 5", como se deixar a sua marca numa casa-de-banho pública fosse a maneira mais imediata e bonita de se auto-validar, fazer aos outros ver que existimos, que amamos, que estivemos lá a deixar uma mijinha.
Ocasionalmente, somos supreendidas com os talentos para as artes gráficas das utilizadoras: desenhos que pretendem ser anatomicamente correctos daquilo que as abelhas fazem com as flores também podem dar um arzinho da sua graça - a artista mais ressaibiada pode, também, optar por deixar o telefone da ex-amiga que dormiu com o seu marido, deixando o recado de que ela está "disposta a tudo".
Claro que também podemos afirmar que isto é tudo em prol da leitura de retrete, as boas das moças não querem que passemos ali um tempo sem, ao menos, nos cultivarmos um pouco ao mesmo tempo.

Enfim, eu proponho é que, a bem do equilíbrio da ordem no mundo, se faça o seguinte: cada pessoa vai à sua respectiva área apropriada fazer as suas necessidades e, para efeitos de mensagens, vai à casa-de-banho do sexo oposto. Qual MSN de parede, as pessoas poderiam deixar ali as mais bonitas frases, certas que ali, sim, seriam lidas (gente desesperada há em todo o lado e sim, elas usam wcs...) Afinal de contas, não seria bem mais útil deixar o telefone da ex-amiga onde poderá ter, potencialmente, mais clientes? Isto é que sim, seria um útil golpe de marketing...

2 comentários:

Lux Caldron disse...

Por acaso nas wcs dos homens é a mesma coisa. Ñ seria uma boa ideia começarem a deixar um caderno em branco onde os utilizadores das wcs podessem ler, se estivessem interessados, os recados dos outros e e onde deixassem eles próprios uma mensagem? Pelo menos sempre era algo a k podiamos recurrer no caso d acabar o papel higiénico...

Anónimo disse...

Já desde o tempo em que éramos pouco mais que uns pobres macacos a aprender a andar de pé que temos esse estranho hábito, diria mesmo necessidade, de nos exprimir-mos através de "arte", sim..."arte", quem é que já não viu os estranhos e até infantis desenhos e rabiscos que o homo sapiens neanderthalensis (nosso primo), fazia na caverna quando não andava com a moca pela savana à procura de sarilhos...pois é, aquilo não passa de rabiscos e no entanto os especialistas chama-lhe "arte parietal", esta arte que é a de estar nas modernas cavernas que são os nossos wc's a rabiscar parvoices é apenas a continuação de algo que nos vem nos genes. Quem é que já não leu aqueles encantadores versos plenos de vernáculo e alusões a senhoras de virtude duvidosa, ou a opções sexuais pelo mesmo sexo...e tb há os desenhos ao estilo primária, a publicidade com direito a contacto telefónico,...é apenas mais uma faceta do ser humano, quando estamos na "caverna e ninguém vê, vem ao de cima o artista que há em cada um de nós (nuns mais que noutros...).
Quantos dalis, quantos picassos, se escondem pelos wc´s deste nosso planeta à espera que a sua arte saia da caverna e conquiste o mundo?...