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quinta-feira, 27 de maio de 2010

A saga Viagem II

Se bem se lembram, a minha apaixonante narrativa ficou suspensa naquele momento em que maldizia o raio do vulcão e desejava que o sacaninha parasse de vomitar cinzas para eu poder viajar em paz.

O vulcão teve a decência de fazer uma pausa nas suas actividades expulsoras e lá me deixou levantar vôo na besta de metal. Ufa.

O que eu não contei antecipadamante era que eu conseguir pôr-me em terras britânicas era apenas a primeira, de muitas, das minhas preocupações. Para chegar ao meu destino, muitas pecinhas tinham que se alinhar neste Cosmos, ou ficava a chuchar no dedo e a choramingar algures em Inglaterra, que me lixava.

Vejamos, então, o que era necessário para tudo correr sobre rodas:

  1. O estupor do vulcão tinha que ficar quietinho;
  2. O avião tinha que levantar vôo a horas;
  3. A minha mala tinha que ir parar ao tapete de recolha do aeroporto muito rapidamente;
  4. Os palermas da Alfândega britânica tinham que se deixar de paranóias e deixar-me passar rapidamente (quem foi a Londres logo após os ataques terroristas de 2008 por lá sabe do que falo...);
  5. Eu tinha 30 minutos para descobrir onde ficava o terminal dos autocarros, comprar um bilhete para outro aeroporto e pôr-me no local apropriado para apanhar esse dito cujo autocarro;
  6. Este autocarro famigerado tinha que chegar sem um minuto sequer de atraso, dado que eu apenas teria 15 minutos para encontrar o outro posto de venda de bilhetes e apanhar o único autocarro do dia para a terra onde ia fazer o curso;
  7. Finda a compra, tinha que apanhar esse segundo autocarro a tempo e horas;
  8. Tinha que pedir por favor aos donos da residencial onde ia ficar para me deixarem fazer o check-in mais tarde do que o habitual, porque a hora estimada de chegada era às 23h30 (o check-in acabava às 22h);
  9. O autocarro tinha que chegar sem atrasos, porque eu ainda tinha que encontrar o raio da residencial e rezar para que não ficasse tão longe da paragem que eu e as minhas malas e cargas ficássemos a dormir na rua pela demora em chegar ao lugar;
  10. Não ser assaltada ou homicidada algures entre estas etapas.

Coisa pouca, portanto. É claro que passei um stress desgraçadinho, sempre a desejar que a próxima coisa da minha lista corresse bem assim que (esperava) fosse riscando o factor anterior.

O que aconteceu, então? Fui bem sucedida? Leiam e descubram, enquanto estico os dedos por cima do teclado, qual pianista, e me preparo para escrever tudo:

  1. O estupor do vulcão portou-se bem, como já vos disse. Fase Um completa;
  2. O avião levantou vôo quando devia. Ufa. Chegou dez minutos adiantado! Fiquei com quarenta minutos entre a Fase Dois e Quatro;
  3. A minha mala foi, miraculosamente, a terceira de todas a chegar ao tapete;
  4. Passei em três minutos pela alfândega;
  5. Descobri o terminal dos autocarros, descobri ao fim de minutos que estava no errado e tive que sair do aeroporto para me dirigir ao certo. Perdi cinco minutos com isto. Comprei o bilhete para o outro aeroporto e consegui ir buscar comida, já que estava com tanta fome que já achava as minhas malas azuis e coçadas apetitosas; o transporte chegou e partiu a horas. O assistente do motorista disse-me que desconfiava que chegaríamos adiantados - abençoado.
  6. Chegámos adiantados (15 minutos) - obrigada, obrigada, obrigada! Consegui encontrar a bilheteira, que estava com uma fila de meter medo. Resolvi ser corajosa e usar a bilheteira self-service que eles tinham e rezar para não comprar nada para Istambul. Correu bem e poupei tempo precioso.
  7. Apanhei o único autocarro do dia, que teve a decência de chegar atrasado. Obrigada, obrigada, obrigada!
  8. Nem precisei de choramingar ao telefone: quis o destino que escolhesse um bed & breakfast que fica por cima de um pub, pelo que havia funcionários até à meia-noite para me receber. Agora só tinha que o encontrar a tempo...
  9. Abençoados os deuses do Monte Vesúvio, o b&b ficava mesmo, mesmo em frente ao terminal dos autocarros! E cheguei a horas;
  10. Não fui assaltada. Não fui homicidada, nem um bocadinho. Nem sequer tive tempo de passar frio, porque o caminho era tão curto entre os dois pontos que demorei um minuto a chegar onde queria...

Apre...

Os meninos e meninas podem pensar que foi coisa pouca, mas foi um nervosismo do princípio ao fim de tudo. Bendito desodorizante, que conseguiu ser eficaz no meio deste stress todo.

Estou certa que as estrelinhas se alinharam para me ajudar e para que tudo corresse bem. Afinal de contas, bastava uma coisinha correr mal para o resto descarrilar com toda a potência. No fim, já nem tinha reservas de adrenalina que sobrassem. Só me restava agradecer a tudo e mais alguma coisa e ir dormir...

(Aguardem o resto da narrativa, que continua amanhã. Entretanto, desejem-me sorte a encontrar a câmara fotográfica.)

3 comentários:

Anónimo disse...

Estas cores fazem-me lembrar a ilga...
Aina bem que correu tudo bem. Gostava de também partir para a aventura :D

sibilunacrafts disse...

que stress!!! a mim não haveria desodorizante que me valesse, chiça! mas tiveste cá uma sorte, isso parece de filme mulher!

"Resolvi ser corajosa e usar a bilheteira self-service que eles tinham e rezar para não comprar nada para Istambul." looooool!!!! XD

Leonor disse...

Helena: dei os meus míseros patacos do IRS para a ILGA :D

Sílvia: foi um stress desmarcado, nem digo nada. Passei o dia a falar sozinha, para dentro, parecia uma beata: "por favor, faz com que tudo corra bem! Por favor, faz com que o autocarro chegue a horas!" Bah.