Aqui neste nosso Portugal, somos exímios em quebrar recordes do Guinness. Ora, toda a gente sabe que quebrar um recorde exige que planeemos as nossas acções, façamos umas pesquisas, escolhamos a melhor altura para agir e, por fim, façamos a dita coisa em questão, pelo que nos poderíamos orgulhar de ser um povo pro-activo e dedicado, certo?
Errado.
Nós somos os mestres dos recordes estúpidos. Temos a maior feijoada do mundo, em cima de uma ponte. Que impressionante. Uma ideia merecedora de um Nobel. O maior presépio de chocolate do mundo (embora apetitoso, também não me parece que resolva conflitos mundiais)...
A ver se alguém se lembrou de medir a flatulência de alguém no dito almoço e a usou para encher um balão gigante! Ou dar o chocolate todo a um grupo e ver qual o que tinha a diarreia maior? Se querem recordes estúpidos, ao menos que sejam mesmo, mesmo capazes de acordar o idiota que há dentro de nós...
Outro recorde lusitano, mas este não planeado, é o do realizador de cinema mais velho do mundo. O nosso Manoel de Oliveira fez anos ontem, a bela idade de 99, e está de parabéns. Este recorde já não é estúpido, porque suponho que o Sr. Manoel de Oliveira não terá sido injectado com drogas que prolonguem a vida só para estarmos, uma vez mais, no dito livrinho (as vozes na minha cabeça insistem que há aqui uma conspiração marciana qualquer, mas eu vou ignorá-las...)
Obviamente, o aniversário do nosso quase centenário (ena, rimei!) foi alvo de notícia de telejornal, e os jornalistas aproveitaram para encadear os anos do senhor com o facto de o Governo lhe ir atribuir financiamento para os seus próximos dois filmes, sem que ele tenha que ir a concurso.
À primeira vista, esta generosidade governamental parece simpática, um acto fofinho a um record de Guinness lusitano, um acto patriótico. Certo?
Errado!
Na minha erudita e culta opinião (que é, como quem diz, uma opinião equiparada à do Zé das Iscas), isto mostra que, a dada altura, alguém do Governo se terá lembrado de referir, à boa moda portuga que, fiado, nesta Tasca, só a senhores maiores de 95 anos, e... pumba, só depois se lembraram do Manoel de Oliveira.
Por outro lado, isto mostra uma admirável confiança nas técnicas de prolongamento da vida dos médicos portugueses, porque sabemos que um filme não se faz de um dia para o outro, o que quer dizer que o nosso realizador terá que viver, pelo menos, mais uns dois ou três anos para poder aproveitar a generosa oferta do Governo, e...
...espera lá.
Ah.
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1 comentário:
faço minhas essas tuas palavras, hoje no Porto procurou-se bater mais um (estúpido) record do Guinness. isso é ser pró-activo ?
no entanto parece-me ser algo efémero e sem utilidade global.
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