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sexta-feira, 28 de maio de 2010

A saga Viagem III

Até nem dormi mal, apesar de estar expectante com o curso. Claro que estranhei a ausência de persianas, às cinco da manhã já era dia e os sacanas dos corvos, que abundam pela vila, divertiam-se a berrar o tempo todo. Só para mim, claro.

O meu estômago em jejum é que não estava particularmente entusiasmado com o pequeno-almoço: feijão com ketchup (yacka), salsicha vegetariana completamente esturricada e ressequida (yacka de novo), hash brown (nham nham), tomate e cogumelos fritos, ovo estrelado e torradas. Fiz planos para alterar a ementa nos dias seguintes e substituí a salsicha e o feijão por um hash brown extra, para descanso da minha alma. Não devo é ter dado muito descanso às minhas artérias - nem quero imaginar o colesterol que andei a meter para dentro das veias essa semana.

A escola ficava pertinho do meu bed & breakfast, literalmente a três minutos a pé. Julgara-me uma inteligência superior por me ter lembrado de levar o GPS, mas Glastonbury é tão pequena que nem valeu a pena.



Conheci o instrutor e as minhas coleguinhas (éramos seis ao todo) à porta da escola. Era tudo britânico. Não me admirou. Claro que eu era a mais bonita e maravilhosa de todas, nem é preciso dizer. Também devo ter sido a segunda mais velha, o que atesta bem que é quando se é mais novo que se têm estas ideias malucas de furar gente a troco de pagamento.

Os dois primeiros dias foram de teoria, teoria e mais teoria. Recebemos uma pasta cheia de informação, que tínhamos que começar logo a absorver, tipo papel higiénico de boa qualidade. Fartei-me de escrevinhar e fazer perguntas.

(Eu mencionei papel higiénico. Aviso, desde já, que vai haver um post especial só dedicado à casa-de-banho daquela zona. Preparem-se.)

Há bastantes curiosidades a respeito de Glastonbury. Uma delas, a mais interessante de todas, é que esta vila vive maioritariamente do turismo, em especial, do turismo New Age, que é como quem diz, de energias esotéricas, curas alternativas, bruxaria e paganismo, cristais e demais parafernália. Seria, portanto, de esperar que as lojas funcionassem num horário capaz de acomodar o turista médio. Mas não.

Se calhar, o turista médio não está enfiado numa escola até às seis da tarde, todos os dias, e também não se levanta de manhã cedo. Isto explica porque razão quase tudo, do posto de informação turística ao restaurante, às lojas e supermercados, abre por volta das 9h30-10h e fecha às 17h-17h30. E ainda dizem que é por cá que ninguém quer trabalhar...

Estes horários bizarros do comércio local fez com que esta fosse das estadias mais baratinhas que alguma vez fiz num país estrangeiro, uma vez que não tinha hipótese de comprar nadinha de nada, dado o meu horário escolástico. Ironia das ironias, o único dia em que saí mais cedo, a segunda-feira, foi quando ainda desconhecia este ritmo bizarro, e por isso não aproveitei nada. A minha carteira agradece, mas as pessoas a quem poderia ter comprado uma lembrança e eu, que também merecia qualquer coisinha, não.

Como anoitecia bastante tarde, aproveitei para tirar umas fotografias. A temperatura da Primavera deles era um pouco como a do nosso Inverno, e posso admitir que tive saudades do quentinho lusitano.



A praça principal de Glastonbury



Pormenor da praça

(posso adiantar que a loja da esquerda vendia tudo o que era produto baseado em cannabis)


Continuação da rua principal, The High Street

Como fazia um frio de rachar à noite, nunca saí depois de o sol se pôr. E, apesar de isto ser uma terra (aparentemente) pacata, sei lá se não me ia aparecer um bife sedento de uma vítima portuguesa para sacrificar à lua. Ou à chuva, que não apareceu poucas vezes, a desgraçada.

E... as notícias seguem noutro post, que se faz tarde.

4 comentários:

sibilunacrafts disse...

god, os pequenos-almoços dessa gente dão a volta ao meu estômago! eu que mal consigo comer uma torradinha de manhã, se visse isso tudo, chiça!!

eu sempre me admiro quando vejo nos filmes os ingleses a combinar jantares para as 18h30, mas a julgar pela hora que se fecham as lojas, deve mesmo ser assim... é estranho, de facto.

Leonor disse...

Os pequenos-almoços foram a minha salvação. As minhas restantes refeições eram, no geral, uma desgraça, fritos e outras yackas... sofri, 'miga, sofri!

Eu também acho bizarro jantar-se tão cedo, mas se pensarmos que eles também vão para a noite a partir das 18h, quando saem do trabalho, até pode fazer sentido. É outra cultura! Eu prefiro bem isso ao hábito tuga de começar a noite às duas da manhã... já não tenho pedalada!

sibilunacrafts disse...

a mim só me fazia bem jantar assim cedo, já que tenho alguma dificuldade em digerir os alimentos à noite, mas não deixa de ser estranho.
sem dúvida que em Portugal é o exagero oposto. para mim, as 22h são a hora ideal para se sair à noite. :) eu cá não sou de grandes noitadas.

Leonor disse...

Eu cá gosto de jantar às 20h, se me deitar três horas depois. Agora ando a jantar às onze da noite, porque me deito bem mais tarde... ricas vidas.

22h é uma boa hora para sair, à uma da manhã já nos podemos pôr a andar para casa sem problemas de consciência :p