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segunda-feira, 17 de abril de 2006

Eufemismos


Se há coisas que não entendo, é a mania que as pessoas têm de não chamar os objectos e afins pelos seus correctos nomes. Por outras palavras, o hábito que têm de recorrer aos eufemismos para designar pessoas, eventos ou outra coisa qualquer.
As pessoas gostam de chamar "peito" às mamas. Sinceramente, não percebo este tabu em falar de um par de glândulas que todos temos, umas com mais desenvoltura que outros. Já cheguei ao ponto de ouvir, no telejornal da TVI, uma médica ginecologista a referir-se ao "cancro do peito"...
Outra palavra igualmente amada é o "seio". Eu gosto desta palavra, dentro dos seus devidos contextos poéticos, mas não nos científicos, desculpem. Pelos vistos, os bebés não mamam, eles "seiam"... ou será que "peitam"?
Uma pessoa com excesso de peso (ou seja, com mais massa gorda que massa magra) não é uma pessoa gorda, é uma pessoa "forte". Então, pergunto eu, o que é o Arnold Schwarzenegger? Super forte, como a cola?
Sou apologista de que, a bem de não se ferirem susceptibilidades, se possa chamar a uma pessoa "gordinha", ou até "cheiinha", mas "forte"?... Enfim.
Sei bem que há muita gente que discorda comigo e se sente mais confortável usando estes eufemismos, mas a mim incomoda-me que se substituam palavras perfeitamente normais, apenas pelo facto de termos pudor em as referir. Qualquer dia, fazemos como os americanos, que já não têm pessoas gordas, mas "horizontalmente expansivas"; não têm pessoas baixas, têm pessoas "verticalmente desfavorecidas"; não têm pessoas com deficiências visuais, mas sim pessoas "visualmente desafiadas"... É de bradar aos deuses!
Nos EUA, chegaram ao ponto de proibir, nos exames das escolas, de se fazerem alusões à neve, dado que muitos alunos vindos dos países sul-americanos nunca a tinham visto e, como tal, seriam incapazes de imaginar um bocado desse H2O gelado para resolverem um problema de matemática. Se calhar estou a ser demasiado óbvia, mas não há televisão no norte da América? As crianças não vêem filmes de Natal? E, já agora, será que eu preciso realmente de imaginar a neve como ela é para poder resolver uma equação qualquer?
Socorro!
(NOTA: é triste que, para pesquisar uma mísera imagem para juntar a este post, tenha tido que usar a palavra "seio" e não "mama"... Eu repito: SOCORRO!!)

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