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segunda-feira, 10 de abril de 2006

O mito do vizinho do lado


Segundo o folclore popular, o vizinho do lado é o homem inacessível e jeitoso com que sonhamos. Ele anda todo o dia, musculado e reluzente, pela casa em tronco nú, entretido com todas as engenhocas que fazem o seu corpo ficar ainda mais musculado e reluzente.
Ou ele se mudou há pouco para a casa do lado e ainda temos aquela esperança taquicárdica que repare que somos tudo aquilo que ele sonha, quer e deseja, ou em breve vai precisar desesperadamente de açúcar e, reparando na nossa porta, vem, semi-vestido (ou despido, conforme preferirem), pedir-nos para lhe emprestar uma embalagem, agradecendo-nos com um sorriso que empalidece de vergonha o mais alvo mármore...
Isto é o folclore. Agora analisemos a triste verdade.

O vizinho do lado, se jeitoso, é casado. Se solteiro, é feio, gordo, e nunca ouviu falar em desodorizante, e a única coisa que reluz é a sua testa suada. Está desde sempre a viver ao lado, por mais que rezemos a todos os deuses para que se mude para um local inóspito, ou mudou-se há pouco e berra, às três da matina, para a Maria lhe levar a cerveja.
Se precisa de açúcar, é para arma de arremesso, porque a Maria não lhe levou a cerveja, ou porque quer comer bolo e está farto dessas mariquices metrossexuais de adoçantes e afins que a Maria apregoa. Quando devolve a embalagem do açúcar, sorri e mostra o único dente que sobrevive naquela devastação gengival, porque instantes encostou uma parte mais recôndita da sua anatomia lá dentro (ou então porque se peidou mesmo antes de abrirmos a porta e está a inalar o seu orgulhoso feito).
Eu repito: Hollywood, vai gozar com o raio que te leve!

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