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sexta-feira, 7 de abril de 2006

Quantas vezes é demais?


Os filmes de Hollywood têm o condão de moldar a visão que muita gente tem das coisas da vida: o que é o sucesso, que tipo de casa devíamos almejar ter, qual o homem/mulher ideal...
Como em tantas dessas coisas, também a ideia de romance é definida, catalogada, pesada e medida pela indústria cinematográfica americana. O amor deve ser assim e assado para ser perfeito, puro, insondável, eterno. Na verdade, se repararem, a ideia veiculada é que não há amor como o primeiro, apenas uma e uma só pessoa encaixa connosco, só quando nos apaixonamos pela primeira vez é que é "verdadeiro"...
Sinceramente, esta visão do amor irrita-me um bocado. É falsa e altamente limitativa, se formos a pensar bem. Afinal de contas, eu tenho 26 anos e não estou junta com o tipo por quem tive a minha primeira paixão aos 12 (e ainda bem, é sinal que os deuses são clementes e gostam de mim). Isso faz de mim, aos olhos de Hollywood, uma falhada.
O primeiro amor é que é o "tal"? O "verdadeiro"? Só há um amor na vida? Disparate. Dizer a uma mulher, na minha idade, que já se apaixonou mais que uma vez (para bem ou para mal) que isso é errado, que depois da primeira sensação de nó de estômago sentida nada mais é "verdadeiro"... bem, é deprimente. Não me quero imaginar a passar o resto da vida com o rapaz desengonçado de quem gostei, a mera ideia faz-me ter vontade de enfiar a cabeça num buraco e nunca mais olhar o mundo nos olhos. Ou o desengonçado.
E quanto à teoria de se ter apenas uma pessoa certa para nós? Imaginemos a mulher que casa por amor (porque sabemos que há quem case por outras razões), passa 20 anos com o mesmo homem e este morre num acidente de viação. A vida amorosa desta mulher morreu com o amado esposo? Ou será que, depois de cicatrizadas as feridas, o luto feito e a depressão passada, esta mulher não vai ver a sua vida numa nova luz e querer procurar um companheiro, alguém com quem passar mais anos da sua existência?
Há várias pessoas que podem encaixar connosco, na minha opinião, dependendo da altura de vida e do nosso crescimento pessoal. Umas terão a ver connosco numa altura, se calhar noutras já nem tanto (como o meu famoso desengonçado). Também, na minha opinião, convém é que nos encantemos por uma criatura de cada vez, para não lançar o caos no mundo e parir um Apocalipse de luxúria e coisas afins desenfreado (mas pronto, haverá quem discorde).
Enfim, foi um desabafo. E, para rematar, digo apenas mais isto: o raio que te parta, Hollywood, vai dar sugestões para o teu quintal!